Havaianas vão calçar indicados ao Oscar
da Reuters, em São PauloJack Nicholson não sabe se vai ganhar o Oscar, mas seu par de sandálias Havaianas já está garantido.
Nicholson, indicado ao prêmio por "As Confissões de Schmidt" e 60 outros concorrentes à estatueta receberão dois pares de sandálias Havaianas no dia seguinte à cerimônia de premiação, que acontecerá em 23 de março.
Cortesia da Alpargatas, a empresa brasileira que transformou o chinelo de dedo do "pobretão" em um acessório de moda obrigatório em todo o mundo.
No momento em que todos buscam a receita para aumentar as exportações brasileiras, a Alpargatas tornou-se um modelo a ser imitado, uma companhia que se arriscou no alto mercado de moda no exterior com um de seus produtos mais simples.
"Eles são claramente um exemplo de sucesso que outras companhias podem seguir", disse José Augusto de Castro, diretor da Associação de Comércio Exterior do Brasil. "É a prova de que se pode entrar e conquistar um mercado com marketing."
Na crista da onda em países como Austrália e França, as sandálias vão ganhar um voto de confiança da elite de moda norte-americana na temporada de primavera-verão (que começa em abril no hemisfério Norte), com aparições em revistas como "Elle", "Jane" e "Vogue".
"Quase todo mundo compra um par, e quase ninguém tem só um par. Elas [as sandálias] são extremamente populares", disse Janet Irwin, da loja La Bella Shoes, em Long Beach, Califórnia. "Há outras marcas, mas todo mundo prefere as Havaianas. Elas têm cores fantásticas."
Teve muito brasileiro surpreso no ano passado de ver modelos desfilando nas passarelas de Paris com uma par de Havaianas nos pés e roupas de Jean Paul Gaultier.
"É um produto muito democrático", disse Ângela Tamiko Hirata, diretora de exportações da Alpargatas.
A Havaiana foi lançada há 41 anos, mas só recentemente teve sua imagem glamuorizada graças a campanhas com gente famosa. No exterior, há quem pague até US$ 80 por um par dos chinelos que no Brasil custam cerca de R$ 10 reais.
O sucesso da Havaianas não está só no marketing, mas na borracha. Diferentemente das sandálias mais baratas feitas de PVC, as Havaianas são produzidas com uma fórmula secreta de borracha e não são recortadas, mas sim moldadas.
"Temos que ter um bom produto. Se não, ninguém se interessa", afirmou Hirata.
A Alpargatas deverá vender 150 mil pares de Havaianas na França este ano, contra 2.000 unidades três anos atrás. Na Austrália, meio milhão de chinelos serão vendidos, em comparação com os 1.900 pares de 1999.
Kerri Sengstaken, da StyleWest, que faz o marketing e a distribuição das Havaianas no oeste dos Estados Unidos, espera vender 1 milhão de pares em butiques e lojas de departamento norte-americanas este ano.
