Reuters
14/03/2003 - 20h28

Dono de tablóide é preso após assassinato de premiê sérvio

da Reuters, em Belgrado

A polícia da Sérvia prendeu o dono de um tablóide semanal que teria dado uma notícia sobre o plano de assassinato do primeiro-ministro Zoran Djindjic, um dia antes de ele ter sido baleado, disse hoje um dos jornalistas do periódico.

O jornalista Zika Rakonjac disse que a polícia prendeu Gradisa Katic, também editor-chefe do tablóide "Identitet", por volta do meio-dia de ontem. Djindjic foi morto por um franco-atirador no centro de Belgrado na quarta-feira (12).

A edição de terça-feira (11) tinha como manchete de primeira página -referindo-se às suspeitas de sérvios no tribunal de crimes da Organização das Nações Unidas em Haia- "Djindjic é alvo de tiroteio. Sérvios em Haia ordenaram assassinato".

Rakonjac disse acreditar que este teria sido o motivo da prisão de seu chefe, dizendo que não sabe de seu paradeiro desde então. Mas ele disse que a reportagem fazia parte de uma série, e que foi coincidência ter sido publicada pouco antes da morte do primeiro-ministro.

"Nós ficamos assustados com a notícia do assassinato de Djindjic e a coincidência. Eu admito que a manchete não foi a razão para a prisão dele", disse ele.

A polícia não estava imediatamente disponível para comentário.

Djindjic prometera acabar com o crime organizado que surgiu durante o governo do ex-presidente iugoslavo Slobodan Milosevic, retirado do poder por reformistas em 2000.

Foi Djindjic que enviou em 2001 Milosevic ao tribunal criminal de Haia para enfrentar acusações de genocídio e crimes contra a humanidade ligados à guerra entre Croácia, Bósnia e Kosovo. A decisão enfureceu nacionalistas sérvios.

Rakonjac disse que a reportagem foi a quarta de uma série baseada no que o semanal descrevia como material da inteligência "extremamente secreto" dadas pelo líder sérvio Vojislav Seselj.

A parte da história na qual a manchete aparentemente é baseada traz uma fala de um agente secreto dizendo em um relatório da metade de 2002 que Djindjic temia que um assassino contratado por um daqueles que ele mandou para Haia pudesse matá-lo.

O governo disse que um poderoso grupo criminoso com base em Zemun, Belgrado, está por trás do assassinato de Djindjic, dizendo que querem espalhar o medo e o caos na república dos Bálcãs.

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