Reuters
17/03/2003 - 17h41

Rússia afirma que guerra no Iraque será ilegal e erro dos EUA

da Reuters, em Moscou

A Rússia pediu hoje que seja feita uma última tentativa de resolver a crise no Iraque de maneira pacífica, dizendo que qualquer uso de força será ilegal e um erro.

A Rússia alinhou-se à França e à Alemanha para pedir mais inspeções de armas no Iraque. Os Estados Unidos dizem que o Iraque mantém armas ilegais. Os russos, assim como os franceses, são membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) e têm dito, durante toda a crise, que vetariam qualquer resolução que endosse a ação militar.

O presidente russo, Vladimir Putin, em declarações feitas antes de Estados Unidos e Reino Unido terem anunciado que não tentarão colocar em votação uma nova resolução que autorize o uso da força, disse que qualquer posição que não seja o desarmamento pacífico será um erro.

"Gostaríamos de resolver isso através de meios políticos e diplomáticos", disse Putin. "Estou convencido de que qualquer outra solução seria um erro."

Putin disse que a guerra "trará não somente vítimas humanas, mas também desestabilizará a comunidade internacional em geral".

"Há 20 milhões de muçulmanos vivendo na Rússia. Não podemos deixar de considerar sua opinião e compartilhamos totalmente seu alarme", afirmou.

Tanto Washington como Londres dizem que ação militar agora contra o Iraque seria legal.

Mas o ministro do Exterior russo, Igor Ivanov, disse que as atuais resoluções da ONU não dão direito legal de lançar um ataque no Iraque.

"Acreditamos que o uso da força contra o Iraque, especialmente com referência a resoluções anteriores do Conselho de Segurança da ONU, não tem base, incluindo bases legais", disse Ivanov.

Sem garantia

Ivanov disse que a resolução 1441, de novembro passado, que retomou as inspeções de armas, não endossa a guerra.

"A resolução 1441, à qual são feitas tantas referências, não dá a ninguém o direito do uso da força automaticamente."

A resolução, aprovada por unanimidade, fala em "sérias consequências se o Iraque não cumprir as exigências de desarmamento".

Ivanov declarou que a resolução contém uma cláusula que obriga os membros do Conselho de Segurança, se necessário, reunirem-se imediatamente para garantir que o Iraque implemente os termos documento.

Ele disse que ainda há chance para a diplomacia.

O Ministério do Exterior disse que não foi decidido se Ivanov irá a Nova York para tentar uma solução de última hora. França, Alemanha e Rússia pediram a realização de uma reunião de ministro do Conselho de Segurança amanhã.

Georgy Mamedov, vice-ministro do Exterior, disse que a Rússia fará o melhor que puder para minimizar as diferenças com Washington.

"A Rússia não lançará uma campanha anti-América, mas tentará o máximo para levar a situação de volta a uma base legal apropriada", declarou Mamedov, segundo a agência de notícias Itar-Tass.

"Não vamos nos alegrar com um erro trágico dos Estados Unidos ou começar uma campanha barulhenta. Nossas relações são muito importantes para a paz internacional para serem mantidas como reféns das diferenças sobre o problema iraquiano."

Especial
  • Saiba mais sobre a crise EUA-Iraque
     
  • FolhaShop

    Digite produto
    ou marca