Reuters
18/03/2003 - 04h47

Milhares de curdos iraquianos fogem rumo às montanhas

da Reuters, em Bagdá

Milhares de curdos iraquianos fizeram suas malas e seguiram ontem em direção às montanhas ao norte do país. Seu grande temor é que, com a guerra, o ditador Saddam Hussein resolva lançar mão de armas químicas.

Muitos curdos disseram que vão se refugiar nas casas de parentes em vilarejos nas montanhas. Dizem que não têm planos de cruzar as fronteiras para países vizinhos, a exemplo do que fizeram mais de um milhão de curdos depois de um levante fracassado em 1991, após a Guerra da Golfo.

"Estamos deixando nossa cidade porque é mais seguro nas montanhas, mas não estamos deixando o Curdistão iraquiano [região autônoma situada no norte do Iraque]. Vamos lutar pela nossa terra", afirmou Hamza Salah Hussein.

Um comboio de caminhões, carros, ônibus, táxis e até tratores lotados de pessoas seguiam em direção ao norte. Autoridades curdas locais tentaram dissuadir a população da idéia de fuga. Fizeram testes de resgate de incêndio e vão deixar 600 pequenas unidades de saúde de plantão para casos de emergência. Mas nada disso convenceu a população.

O temor que os curdos têm da ira de Saddam Hussein está longe de ser infundado. Os curdos iraquianos-que representam cerca de 15% da população do país- foram eliminados em massa por Saddam, depois da guerra contra o Irã, em 1989.

Os curdos foram financiados por Teerã para lutar contra Saddam e fortalecer as ações do aiatolá Ruhollah Khomeini, líder da Revolução Islâmica.

Depois da guerra, em que o Iraque foi financiado pelos EUA, Saddam se voltou contra os curdos, utilizando, inclusive, gases tóxicos contra eles. No último domingo, fez 15 anos que um ataque químico matou cinco mil pessoas em um único dia.

Agora, os curdos, maior grupo étnico sem Estado do mundo (25 milhões de pessoas), temem ser novamente vítimas de Saddam. Por isso, não se envolverão na guerra e preferem se refugiar.
 

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