Reuters
05/04/2001 - 19h54

Lobo solitário desafia caçadores do governo norueguês

da Reuters, em Oslo

Um lobo solitário deve sobreviver a uma controvertida caçada na Noruega, com prazo para acabar amanhã, depois que nove outros animais foram mortos por caçadores escolhidos pelo governo, usando helicópteros e trenós motorizados.

O lobo enganou 24 caçadores que vasculham as florestas do leste da Noruega desde fevereiro. Fazendeiros culpam os lobos por matar seus rebanhos, mas ambientalistas dizem que as matilhas são frágeis demais para sobreviver ao abate de dez animais.

Amanhã é o último dia permitido para a caçada, cujo custo estimado aos cofres públicos foi de 3 milhões de coroas (US$ 331,2 mil), cerca de US$ 36 mil para cada lobo abatido. O derretimento da neve está tornando difícil para os caçadores seguir as pistas do último deles.

``É improvável que a permissão seja estendida. Vamos decidir esta noite'', disse Terje Boe, um dos diretores do órgão nacional para o ambiente.

O lobo solitário recebeu o apelido de ``Martin'', em homenagem a Martin Schanche, veterano piloto de rali que é um dos seus mais ardentes defensores. Ele entrou com um pedido oficial para garantir asilo político ao animal na Suécia.

Fazendeiros no leste da Noruega dizem que os lobos mataram 612 ovelhas no ano passado.

O Ministério do Ambiente diz que a população de lobos está crescendo rápido demais, depois que Noruega e Suécia decidiram, em meados dos anos 1990, incentivar sua volta ao sul da Escandinávia, um século depois de eles quase serem extintos.

O governo estima que haja atualmente dez matilhas na região, ou seja, quase cem lobos.

Grupos ambientalistas, que acampam em temperaturas abaixo de zero para tentar evitar a caçada, dizem que existem atualmente no máximo 40 lobos na Noruega. O ministério diz ter recebido 8.681 emails de protesto contra a caçada, de várias partes do mundo.

Em seu trabalho, os caçadores estão usando rifles e pistolas, além de trenós motorizados e helicópteros, ambos normalmente proibidos para a caça.

``Tem sido mais difícil do que imaginávamos'', disse Svein Norberg, porta-voz do órgão de proteção do ambiente. Segundo ele, a resistência dos ambientalistas está surpreendendo.
 

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