Reuters
22/03/2003 - 12h44

Escritor indiano Salman Rushdie virá para Bienal do Livro do Rio

SONIA APOLINÁRIO
especial para a Reuters, no Rio

O escritor indiano Salman Rushdie será a grande estrela da 11a Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro, que acontecerá entre 15 e 25 de maio, no Riocentro.

No evento, que reunirá 850 expositores, o autor do polêmico "Os Versos Satânicos" lançará sua mais recente obra, "Fúria" (Companhia das Letras).

Além dele, a cartunista argentina Maitena e o advogado americano que se tornou best-seller ao falar sobre pena de morte Soctt Turow são os convidados internacionais que já confirmaram presença.

No ano em que completa 20 anos, a Bienal carioca vai homenagear a literatura italiana. Mas, a principal preocupação dos seus organizadores é, como explicou o editor Eduardo Salomão, provar que a ida ao distante Riocentro, em Jacarepaguá, não será um "programa de índio".

"Estamos tentando oferecer mais conforto para o visitante. Na última edição houve vários problemas", admitiu Salomão, que é proprietário da editora Imago, tesoureiro do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel) e membro da comissão de organização do evento.

Na última Bienal, 560 mil pessoas visitaram o Riocentro. Segundo Salomão, esse número deve ser mantido este ano. Para evitar o verdadeiro congestionamento humano que aconteceu na edição passada, a área do evento foi aumentada em 15 por cento, ou seja, livros estarão espalhados por 55 mil metros quadrados.

Os estandes ficaram maiores e também aumentou o espaço entre eles. Serão criadas mais áreas de descanso e pontos de encontro, haverá mais ofertas gastronômicas, um estacionamento extra e duas entradas principais para evitar as imensas filas.

Salomão informou ainda que as crianças serão alvo de mimos ainda maiores. Para a turma entre 3 e 7 anos, foi criado o "Espaço Pequeno Leitor", onde livros poderão ser manipulados e contadores de história estarão se apresentando para o público infantil numa programação igualmente recheada de peças de teatro.

"A criança corresponde a metade do nosso público-alvo. Geralmente, uma criança visita a bienal duas vezes. Vai primeiro com o colégio e, depois, leva os pais. Nós estamos buscando qualificar a visita das crianças para que elas aprendam a escolher seus livros", contou Salomão.

Divulgação a vendas

Com um custo de R$ 10 milhões, a Bienal, segundo o tesoureiro da Snel, é um evento que visa principalmente a divulgação de obras e editoras. Isso, para ele, é mais importante do que o volume de vendas.

"É claro que queremos ver todos com suas sacolinhas e, geralmente, o consumo médio por pessoa é de mais de um livro. Mas nada é mais importante do que a repercussão, a divulgação de autores pouco conhecidos ou de obras raras", afirmou.

Ainda sem sua programação completamente definida, A Bienal deste ano pretende ampliar o contato entre público e escritor. Além dos tradicionais bate-papos com os autores nos estandes das editoras, o espaço Café Literário terá duas atrações: Família Literária e Nossos Amigos Ausentes.

No primeiro, dois escritores de uma mesma família falarão de suas influências mútuas. No segundo, um escritor homenageará um colega já falecido, contando detalhes sobre sua personalidade, processo de criação e o relacionamento que tiveram.

Os organizadores acreditam que o público terá muitas perguntas a fazer ao escritor Salman Rushdie, que se tornou inimigo número um do Islã após o lançamento de "Versos Satânicos", a ponto de ter recebido uma sentença de morte do aiatolá Khomeini. O humor de Maitena (Rocco) tida como a sucessora de Quino, o criador de Mafalda, também deve garantir sala cheia no Fórum de Debates, bem como as polêmicas idéias do norte-americano Scott Turow, conhecido no Brasil pelo seu romance "Acima de Qualquer Suspeita" (Record).
 

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