Reuters
25/03/2003 - 20h30

Filmes de Hollywood dominam cinemas alemães em versão dublada

da Reuters, em Berlim

A Alemanha pode estar em alta em Hollywood depois de conquistar no último domingo seu segundo Oscar de melhor filme estrangeiro com "Nowhere in Africa". Mas a vitória mudará pouco o cinema no país onde Hollywood é rei e os filmes dublados dominam as salas de exibição.

A dublagem é um grande negócio nos países europeus e também no Japão, onde as bilheterias de peso fazem com que se compense contratar atores locais para dublar os filmes em lugar de recorrer à legendagem, que custa menos.

Na Alemanha, o setor da dublagem é ainda maior do que na França e na Itália, cujos cinemas nacionais são mais fortes e cujos diretores estão mais acostumados a fazer sucesso no Oscar.

"Nowhere in Africa" é apenas o segundo filme alemão a conquistar o prêmio depois de "O Tambor" vencer a estatueta em 1979.

Na Alemanha, quinto maior mercado mundial de cinema em termos de vendas e o terceiro fora do mundo de língua inglesa, os filmes de Hollywood respondem por 80% das bilheterias, contra cerca de 50% na França. A maioria dos filmes é dublada por atores alemães, muitos dos quais são pouco conhecidos.

Com cabelos cacheados e óculos, Andreas Froehlich guarda pouca semelhança com o ator americano Edward Norton, mas para até 90 milhões de espectadores alemães é a voz dele que sai da boca do astro norte-americano.

Froehlich acaba de dublar as falas de Norton no filme "25th Hour", de Spike Lee, que vai estrear na Alemanha em abril.

Pressão do tempo

O "timing" é tudo na dublagem. Os dubladores precisam falar no tempo correspondente àquele em que os atores abrem a boca na tela. E os estúdios correm contra o tempo para aprontar as versões dubladas dos filmes para distribuição. Leva pelo menos um mês para dublar um longa-metragem.

Os diretores incentivam os dubladores a acompanhar não apenas os movimentos dos lábios dos atores, mas suas emoções.

Uma cena íntima de três minutos em "25th Hour" levou uma hora para ser dublada.
Ao final, os únicos sons originais que restaram de Norton foram os de seus beijos e de um saquinho de gelo em suas mãos.

Os estúdios alemães pagam cerca de 50 euros (US$ 54) por dia aos dubladores, mais 2,50 euros por cada "take" -ou trecho pequeno gravado-, dos quais pode haver até cem num dia. Não é muito pouco, mas não é nada comparado aos milhões ganhos pelos atores na tela.

Contratar o austríaco Arnold Schwarzenegger, que fala alemão, para dublar suas próprias falas custaria caro demais, mas os produtores locais dizem que, de qualquer maneira, preferem ter alguém que fale o alemão médio, sem sotaque austríaco.

Já a atriz alemã Franka Potente, que fez par com Matt Damon em "A Identidade Bourne", acabou dublando sua própria voz.
 

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