Reuters
27/03/2003 - 11h38

Iraquianos usam táticas de guerrilha para atacar comboios dos EUA

da Reuters, em Nassiriah

Os comboios de caminhões norte-americanos que levam mantimentos e munição à frente de combate estão se revelando o ponto fraco das forças invasoras.

Em um ataque-surpresa, um pequeno grupo de iraquianos, usando táticas de guerrilha, alvejou uma coluna de cerca de 80 veículos que dão apoio às unidades de combate dos marines.

Os disparos partiram de um bosque coberto por névoa, à beira da estrada. Os marines se arrastaram para baixo dos veículos, em busca de proteção, enquanto tanques avançavam pela mata à procura dos agressores.

"Não pudermos ver quem estava atirando em nós", disse o cabo John Grimes, 19, que ficou todo sujo de lama ao se esconder no seu caminhão, sem disparar um só tiro. "As balas estavam batendo realmente perto, a poucos centímetros de nós", disse Grimes após o tiroteio, ocorrido ao norte de Nassiriah.

Foi o primeiro combate desse pelotão dos marines desde o começo da guerra, na quinta-feira passada. O incidente mostrou que basta um grupo de aproximadamente dez iraquianos munidos com rifles de assalto para interromper a viagem do comboio, que tem escolta de helicópteros, tanques e outros blindados.

O confronto durou cerca de meia hora e aparentemente não deixou feridos em nenhum dos lados. Mas a batalha claramente provocou nervosismo nos motoristas do comboio, muitos dos quais nunca haviam passado por essa experiência.

A ameaça às linhas de suprimento já havia ficado clara no domingo, quando um comboio do Exército aparentemente se perdeu durante uma batalha e sofreu uma emboscada, também perto de Nassiriah. Alguns soldados foram levados como prisioneiros.

A ameaça de emboscadas não preocupa só os marines, cujos veículos pesados avançam lentamente pelo deserto e são visíveis a vários quilômetros de distância. Ela constitui uma dor-de-cabeça também para os estrategistas do Pentágono.

A logística é crucial em qualquer conflito, mas neste ela tem importância especial, já que os Estados Unidos querem fazer uma guerra rápida, na qual a presença por terra seja indispensável. Sem linhas de suprimento eficientes, mesmo o mais invencível dos tanques não pode combater por muito tempo. O problema é que, aumentando os comboios, os EUA os transformaram em um alvo tentador para os iraquianos.

Conforme as tropas de combate penetram no Iraque, os comboios vão percorrendo distâncias maiores, de até 500 quilômetros, em meio ao deserto. As tempestades de areia ou a neblina garantem um esconderijo para os atiradores iraquianos, que muitas vezes agem à paisana.

"São com as pequenas unidades que precisamos nos preocupar, porque elas podem se infiltrar em nossa direção", disse o tenente Colleen Cauley, que participou da batalha de ontem. "Se não estivermos preparados, eles podem nos destruir."

Essa preparação inclui o uso de artilharia pesada sobre os caminhões, granadas e metralhadoras. Ontem, clarões azuis, seguidos por um tremor de terra, indicaram que os mísseis antitanque Tow estavam sendo lançados contra os iraquianos.

Além disso, o comboio segue vigiado por helicópteros de ataque, que vasculham a estrada à frente dos caminhões em busca de inimigos. Já os motoristas precisam ficar atentos para minas terrestres.

Mas para os marines, o que mais garante a segurança é a preparação de seus homens. "Nossos homens são treinados, sabem como reagir", disse o capitão Andrew Bergen, comandante do comboio, após o ataque. "Eles precisam estar preparados para continuar avançando, devolver o fogo e manter a cabeça dos inimigos abaixada, enquanto damos o fora", afirmou.

Especial
  • Saiba tudo sobre a guerra no Iraque
     
  • FolhaShop

    Digite produto
    ou marca