Reuters
28/03/2003 - 09h46

Festival de Big Bands resgata época áurea do jazz e da gafieira

da Reuters

A chamada Era das Big Bands, que durou dos anos 1920 aos 1940, foi o período mais popular do jazz, quando todos os Estados Unidos dançavam ao som desse gênero musical. O fenômeno chegou com força ao Brasil, onde dezenas de orquestras foram formadas para animar bailes e casas noturnas.

Para relembrar a época de ouro das orquestras populares, o Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo, realiza em abril o festival A Nova Era das Big Bands, com Banda Mantiqueira, Soundscape, Big Band Jazz Sinfônica e Big Band Tom Jobim. As apresentações serão todas as terças-feiras, às 13 horas e também às 19h30.

O festival vai aproveitar para homenagear o maestro Severino Araújo, da Orquestra Tabajara, que faz 86 anos em 23 de abril.

"Ele foi um dos responsáveis por trazer o som das big bands para o Brasil, e agregou a ele o nosso sotaque", justifica o idealizador do projeto, Cláudio Dauelsberg.

Também chamada Era do Swing, referindo-se a este estilo jazzístico, a Era das Big Bands imortalizou nomes como Duke Ellington, Count Basie, Glenn Miller, Benny Goodman e Frank Sinatra.

As orquestras de jazz surgiram a partir dos grupos de rua de New Orleans, Memphis e St. Louis, em que se destacavam Louis Armstrong e King Oliver. A seção de metais (originalmente uma corneta, um trombone e uma clarineta, em geral) foi aumentada, chegando a agrupar até 17 instrumentos de sopro como trompetes, saxofones, trombones e clarinetas.

No Brasil os sucessos do swing eram interpretados junto a sambas e canções populares, sempre com arranjos dançantes. As gafieiras, animadas pelas orquestras de baile, eram os lugares da moda.

"As big bands e, no Brasil, as bandas de gafieira, marcaram uma época cheia de glamour. Sempre foram sinônimo de alegria e alto astral", conta Cláudio Dauelsberg.

O surgimento do be bop, um jazz baseado no improviso e sem compromisso com a dança, capitaneado por Charlie Parker e Dizzy Gillespie, começou a caracterizar o swing como uma música ultrapassada, sobre a qual o rock'n'roll jogou a pá de cal.

Mas muitas big bands resistiram e continuam até hoje mesmo com a morte de seus líderes, como a Duke Ellington Orchestra e a Count Basie Orchestra (que por sinal virá ao Brasil em setembro participar do Tim Festival, sucessor do Free Jazz). No Brasil algumas poucas também resistem, como a Orquestra Tabajara, que chega aos 66 anos de atividade.

Nos últimos anos surgiram novas orquestras no Brasil, com diferentes concepções. "As linguagens contemporâneas evoluíram para outras direções, a música em geral mudou muito. Mas as referências criadas pela Tabajara e outras desse período são um marco inegável", explica o idealizador do festival.

A Banda Mantiqueira, que abre o festival no dia 1 de abril, é uma das mais conhecidas, já tendo concorrido ao Grammy e excursionado nos Estados Unidos. Ela rearranja de forma sofisticada músicas de Pixinguinha, Cartola e Tom Jobim, entre outros.

A Soundscape, que se apresenta no dia 8, foi fundada há apenas três anos e toca principalmente composições de seus integrantes. Ela tem a formação clássica das big bands -- cinco saxofones, quatro trompetes, quatro trombones, piano, guitarra, baixo e bateria.

A Big Band Jazz Sinfônica, atração do dia 15, foi criada por Arrigo Barnabé e Eduardo Gudin como parte da Orquestra Jazz Sinfônica. São 26 músicos, regidos pelo mastro João Maurício Galindo, que interpretam clássicos do swing e da música brasileira.

A Big Band Tom Jobim, que encerra o festival no dia 22, surgiu há menos de dois anos, reunindo alunos do Centro de Estudos Musicais Tom Jobim sob a batuta de Roberto Sion. Com o objetivo de atrair um público jovem, mescla os standards com sucessos contemporâneos.
 

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