Gaúchos deitam no divã em exposição sobre Freud
da Reuters, em Porto AlegreEntrou em cartaz ontem no Santander Cultural, em Porto Alegre, a exposição "Freud Para Todos -- Uma Experiência Que Vai Mexer Com Seus Sentidos". O evento reúne uma mostra, seminários, intervenções e ciclo cinematográfico.
"O objetivo é tirar a psicanálise dos consultórios e levá-la a um grande público numa linguagem acessível", disse o curador-geral Mauro Gus. "Claro que se propõe à divulgação da obra de Sigmund Freud, mas também visa esclarecer a psicanálise como ela é e como pode ajudar as relações humanas."
A origem da exposição vem de uma mostra na Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, em Washington, ocorrida em 1998, na qual foram expostos móveis, objetos e estatuetas do psicanalista.
Houve uma versão paulista em 2000, no Masp, e outra carioca, no MAM, em 2001, com o título de "Freud, Conflito e Cultura".
Evento terá cinco exposições
Ao todo, são cinco mostras sobre o "pai da psicanálise". A exposição "Freud e o Modernismo" explora o interesse de artistas e intelectuais brasileiros pela psicanálise a partir dos anos 1920. É ilustrada por 30 obras. Tem o óleo sobre tela "Rio de Janeiro", de Tarsila do Amaral, a xilogravura "Casal do Mangue com Persiana", de Marc Chagall, e o óleo "Mãe Morta", de Lasar Segall, além de seis serigrafias de Cícero Dias.
Já "Freud e o Judaísmo" traça a história do intuitivo e sonhador Sigmund, nascido num ambiente hostil aos judeus, até chegar à evolução do homem que funda uma poderosa teoria da civilização.
No módulo "História da Psicanálise no Rio Grande do Sul" as atrações são os documentos e a reprodução do consultório do pai da psicanálise gaúcha, o também escritor Cyro Martins, autor da trilogia "O Gaúcho a Pé."
Antes de chegar à última parte, com fotos de Freud, seus parentes, discípulos e lugares que frequentava, vem o que talvez seja uma das maiores atrações do evento: "Arqueologia da Psique". São 43 obras do acervo do Museu de Imagens do Inconsciente e do trabalho de Nise da Silveira, fundadora da instituição e primeira seguidora das teorias freudianas no Brasil.
Palestras e filmes
Além das mostras, treze seminários vão tentar decifrar para o público temas inexoráveis da quase sempre dolorosa aventura pela alma do homem.
A série de debates começa no próximo sábado com "A Invenção da Psicanálise", que terá na mesa o historiador Voltaire Schilling, e vai até 10 de maio com "Freud: Ontem, Hoje e Amanhã", num desfile de especialistas como Ingeborg Magda Bornholdt, Ruggero Levy, Maria Ângela Moretzsohn e até o filósofo Sérgio Paulo Rouanet.
Doze artistas estarão se revezando às quintas-feiras diante de um grande painel para decifrar com traços e tintas as influências inspiradoras da psicanálise sobre as artes.
Um ciclo de filmes seguidos de debates vai tentar lançar algumas luzes sobre a produção cinematográfica do Rio Grande do Sul.
Obras como "Anahy de las Misiones", de Sérgio Silva, "Netto Perde Sua Alma", de Tabajara Ruas e Beto Souza, e "Era Uma Vez Dois Verões", de Jorge Furtado, completam a programação com o título "A Psicanálise Vê o Cinema Gaúcho".
"Freud Para Todos" ficará em cartaz até 11 de maio.