"Cinzas" mostra tentativa de revolta em Auschwitz
da Reuters, em HollywoodKamelia Grigorova e Allan Corduner protagonizam "Cinzas da Guerra", a versão cinematográfica dirigida por Tim Blake Nelson da peça de sua própria autoria. O filme é uma das estréias desta sexta-feira nos cinemas.
Ao mesmo tempo brutalmente realista e altamente teatral, "Cinzas da Guerra" talvez evoque o horror mecanizado das entranhas dos campos de extermínio nazistas melhor do qualquer outro filme de ficção até hoje.
O quarto filme de Tim Nelson trata dos Sonderkommandos, grupos formados por judeus que ajudavam a preparar outros judeus para a câmara de gás e, depois, "processavam" seus restos mortais.
Em troca da cooperação com os nazistas, os integrantes desses "esquadrões especiais" ganhavam privilégios e condições de vida muito melhores do que as dos outros prisioneiros, embora soubessem que eles também teriam o mesmo destino cruel, no prazo máximo de quatro meses.
Desse dilema dilacerante e fundamentalmente desesperador surge o cerne da história: a única revolta de prisioneiros dos campos de concentração da qual se tem notícia, ocorrida em 7 de outubro de 1944.
Dois pontos de vista distintos se opõem: o do Dr.Nyiszli (Allan Corduner), um judeu brilhante cujo "pacto com o demônio" o leva a trabalhar em experimentos médicos com o notório Dr. Mengele e que acredita que "estamos todos apenas tentando sobreviver até o dia seguinte". E o do comandante nazista Erich Muhsfeldt (Harvey Keitel), o grosseiro e deturpado supervisor do crematório que despreza os judeus por serem vítimas tão "dóceis".
Vários prisioneiros do campo de Auschwitz II-Birkenau, em sua maioria húngaros, discutem a revolta que planejam. Eles não são os prisioneiros dominados e passivos de muitos filmes sobre o Holocausto, mas homens combativos e cheios de garra que acreditam poder derrubar um pouco do Terceiro Reich.
Enquanto isso, o 12º Sonderkommando, que inclui Hoffman (David Arquette), Abramowics (Steve Buscemi), Rosenthal (David Chandler) e Schlermer (Daniel Benzali), cuida de seu trabalho sinistro de enfiar os prisioneiros nas câmaras de morte, carregar os fornos com os corpos e jogar fora as cinzas.
Insensibilizado por seu trabalho, Hoffman mesmo assim se comove quando é encontrada uma menina de 14 anos que milagrosamente escapou da câmara de gás. Ele a esconde dos nazistas, e a presença dela tanto complica quanto inspira a rebelião que os prisioneiros planejam.
