Reuters
07/04/2003 - 01h12

Aumenta cerco a Bagdá, hospitais ficam à beira do caos

da Reuters, em Bagdá

Forças militares norte-americanas tomaram ontem o controle da maior parte das estradas que levam a Bagdá, enquanto bombas e artilharia se aproximavam do centro da cidade.

O cerco ao coração do governo iraquiano deixa os hospitais da capital cheios de vítimas e organizações de ajuda humanitária advertem sobre a crescente crise do sistema de saúde no país.

No sul do Iraque, tanques britânicos entraram em Basra, a segunda maior cidade do país, combatendo paramilitares leais ao presidente Saddam Hussein. Três soldados ingleses foram mortos, assim como um número desconhecido de iraquianos, quando os britânicos começavam a tomar controle do centro da cidade.

No norte, um avião americano bombardeou por engano um comboio de forças especiais dos Estados Unidos com combatentes curdos, matando 18 curdos e ferindo mais de 45, inclusive o irmão do líder curdo Massoud Barzani.

Soldados norte-americanos em torno de Bagdá pareciam estar preparando o terreno para um ataque final com o objetivo de matar ou capturar Saddam, seus filhos e todos os seus assessores. A resistência organizada era pequena.

Oficiais americanos disseram ter interceptado a maior parte dos acessos à capital iraquiana, que abriga cinco milhões de pessoas.

"Nós estamos quase lá", disse o coronel norte-americano Will Grimsley, ao ser questionado se as forças americanas já haviam cercado totalmente a cidade.

A primeira aeronave militar americana, um avião de transporte C-130, pousou no aeroporto internacional de Bagdá cerca de uma hora após o anoitecer. Foi o primeiro avião a aterrissar no aeroporto desde que as forças americanas tomaram posse do local, na sexta-feira (4).

Segundo mapas militares americanos vistos pela Reuters, apenas uma estrada principal ainda precisava ser tomada nos arredores da capital. Ela leva ao norte do país, à cidade petrolífera de Kirkuk.

A guerra contra o Iraque foi lançada há 18 dias pelo presidente George W.Bush, com o apoio do Reino Unido, com o objetivo de derrubar Saddam e tomar o controle de armas de destruição em massa. O Iraque nega possuir tais armas e até agora ninguém as encontrou.

O Congresso Nacional Iraquiano (INC), da oposição, disse que 700 de seus combatentes, uma mistura de desertores do governo de Saddam e exilados iraquianos, chegaram ao sul do Iraque para se juntarem às forças norte-americanas na guerra.

No norte, combatentes curdos disseram que haviam capturado a cidade de Ain Sifni, no nordeste da terceira maior cidade iraquiana, Mossul.

Fogo de artilharia e morteiros estremeceram Bagdá durante o dia. As lojas fecharam e as ruas estavam desertas. Agências de ajuda da ONU (Organização das Nações Unidas) advertiram sobre uma crise do sistema de saúde em Bagdá, com os hospitais e a infra-estrutura devastados.

"Nós prevemos uma grave deterioração da situação da saúde durante os próximos dias devido ao bombardeio diário que resulta em avarias na infra-estrutura e aumentam agudamente as vítimas civis", disse Fadela Chaib, um porta-voz da OMS (Organização Mundial da Saúde).

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha, que tem sede em Genebra, disse que os hospitais de Bagdá lutavam para atender a uma onda de feridos que provocou um caos crescente.



Nenhuma informação sobre o número de mortes de civis em Bagdá estava disponível, mas o porta-voz da Cruz Vermelha, Roland Huguenin-Benjamin, disse que "durante o pesado bombardeio, os hospitais recebiam mais de cem vítimas por hora."

Com muitos funcionários da saúde incapazes de chegar aos hospitais por causa do bombardeio, os médicos faziam de tudo_ realizavam cirurgias, davam injeções e transportavam os feridos.

No lado das forças norte-americanas, havia 81 vítimas fatais, enquanto os britânicos perderam 27 nos combates, sem contar as baixas de ontem. Não havia estimativas das perdas iraquianas, mas acredita-se que elas estejam na casa dos milhares.

O ministro da Informação iraquiano, Mohammed Said al Sahaf, disse que forças leais a Saddam continuavam a lutar contra as tropas invasoras.

"Os destemidos Guardas Republicanos estão em volta do inimigo perto do aeroporto. Nós destruímos seis tanques e danificamos outros dez e matamos 50 das forças de nossos inimigos", disse ele.

Especial
  • Saiba tudo sobre a guerra no Iraque
     
  • FolhaShop

    Digite produto
    ou marca