Reuters
07/04/2003 - 06h51

Tanques entram no centro de Bagdá e Iraque mantém desafio

da Reuters, em Bagdá

Forças dos Estados Unidos entraram no "coração" de Bagdá hoje e em pelo menos dois palácios do presidente Saddam Hussein. Inicialmente, as informações eram de que três palácios haviam sido ocupados.

"Ocupamos o principal palácio presidencial no centro de Bagdá. [...] Há dois palácios ali e estamos em ambos", disse o coronel Peter Bayer, da 2ª Divisão de Infantaria dos EUA, perto do aeroporto.

O repórter da Reuters Khaled Oweis disse que forças iraquianas estão bloqueando muitas pontes sobre o rio Tigre. Guardas Republicanos estão defendendo prédios de ministérios com granadas impulsionadas por foguetes.

Reuters - 29.mar.2003
Mohammed Said al Sahaf, ministro da Informação do Iraque
"Bagdá está segura", disse o ministro da Informação, Mohammed Said al Sahaf. Ele disse que colunas dos EUA estão sendo "massacradas." "A batalha continua. Os infiéis estão cometendo suicídio às centenas nos portões de Bagdá."

Enquanto ele falava, tanques dos EUA podiam ser vistos no outro lado do rio Tigre, que divide a capital iraquiana.

Mais cedo, dois tanques dos EUA foram vistos entrando em um palácio na margem ocidental do rio Tigre, provocando reação de tropas iraquianas. O palácio foi atingido por morteiros, que lançaram colunas de fumaça branca ao ar.

Não houve informação sobre o paradeiro do presidente iraquiano, Saddam Hussein. É improvável que ele esteja perto de seus palácios oficiais, que sofreram pesados bombardeios nas últimas três semanas.

Apoio Aéreo

Com aviões A-10 "destruidores de tanques" e aeronaves de reconhecimento não-tripuladas nos céus de Bagdá, tanques e veículos blindados entraram no centro da cidade após o amanhecer.

As bolsas mundiais e o dólar subiram, enquanto o ouro e títulos de governos caíram com as notícias do ataque norte-americano.

O preço do petróleo também caiu com a expectativa de que um final rápido na guerra aumente o fornecimento do produto do golfo Pérsico.



"Isso é uma incursão através da cidade. Devemos ficar calmos", disse o porta-voz dos EUA, capitão Frank Thorp. "Há um monte de batalhas duras adiante. Isso é mais um passo no esforço da coalizão para derrubar o regime."

Ben Owens, uma autoridade do Pentágono, disse que o ataque foi uma "demonstração de força", mas que seria uma "hipérbole" chamá-lo de batalha por Bagdá.

"Isso foi uma demonstração de força, uma operação destinada a demonstrar a decisão dos EUA que envolve cada vez mais visibilidade de forças dos EUA", disse o porta-voz. "Isso manda uma mensagem poderosa ao regime de que podemos ir aonde quisermos, quando quisermos."

Owens disse que os Estados Unidos têm "forças significativas" na área de Bagdá. "Não pode ser nada menos do que extremamente alarmante para o regime o fato de um comandante estar no palácio presidencial em Bagdá", disse. "Nós temos a iniciativa lá."

Al Lockword, porta-voz militar britânico, afirmou que a demonstração de força deve incentivar o governo de Saddam a desistir.

"Eu conclamaria o regime, se eles estiverem vendo isso, a capitular agora. Vamos evitar mais perdas de vidas", disse Lockword.

O porta-voz britânico disse que Saddam perdeu o controle de suas forças. "Sabemos que o comando e o controle de Saddam estão destruídos. Sabemos que ele não pode controlar suas forças. Sabemos que não sobraram forças significativas. Não há como coordená-las e colocá-las para lutar uma batalha na maneira militar tradicional."

Peter Bayer disse que 65 tanques e 40 veículos de combate Bradley participaram do ataque "altamente bem sucedido." "O que estamos tentando medir agora é a resposta [de Saddam]."

Ele não tinha informações sobre vítimas norte-americanas e disse que forças dos EUA estão sondando agora os distritos na região noroeste de Bagdá.

A televisão estatal iraquiana continuou no ar, transmitindo imagens antigas de Saddam e hinos patrióticos.

Bayer disse que forças dos EUA estão perto do ministério da Informação, mas ainda não o ocupou.

Fumaça preta surgiu a partir da região central de Bagdá, em aparente tentativa de confundir os invasores. É a primeira vez que um vala de petróleo é incendiada no centro da capital. O recurso já foi usado nos arredores da cidade.

Pelo menos cinco carros e ônibus queimados se acumulam nas ruas centrais de Bagdá.

Forças dos EUA afirmam controlar o aeroporto e as principais vias de acesso a Bagdá, que tem cinco milhões de habitantes.

Basra

Os britânicos controlam grande parte de Basra, segunda maior cidade iraquiana, mas ainda enfrentam alguma resistência, disse o porta-voz Lockwood.

"Ainda há bolsões de resistência na parte antiga", disse. Ele confirmou que três soldados britânicos morreram nas lutas.

Tropas dos EUA disseram hoje que assumiram o controle de Kerbala, cidade xiita a 110 quilômetros de Bagdá, após duras batalhas com paramilitares iraquianos que ameaçavam as linhas de suprimento dos EUA.

Com a guerra chegando ao coração de Bagdá, o debate sobre como o país será administrado em uma era pós-Saddam também cresce.

O presidente George W. Bush, que lançou a guerra em 19 de março (às 23h35 de Brasília), dizendo que queria eliminar a ameaça de armas químicas ou biológicas acabarem nas mãos de terroristas, deverá encontrar-se ainda hoje com o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, para debater uma possível participação da ONU (Organização das Nações Unidas) no Iraque pós-guerra.

Autoridades dos EUA descartaram uma missão política importante para a ONU, afirmando que Washington e tem mais direitos por darem "vidas e sangues" no campo de batalha. Blair e outros líderes europeus querem que o Conselho de Segurança da ONU endosse o processo pós-guerra.

O vice-secretário da Defesa dos EUA, Paul Wolfowitz, disse ontem que pode levar mais de seis meses para ser criado um governo iraquiano que controle o país após a derrota de Saddam.

Especial
  • Saiba tudo sobre a guerra no Iraque
     
  • FolhaShop

    Digite produto
    ou marca