Reuters
10/04/2003 - 18h13

Para FMI, queda de regime de Saddam é boa notícia para economia

MARK EGAN
da Reuters, em Washington

O diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional) disse na quinta-feira que o aparente colapso do regime de Saddam Hussein em Bagdá é uma boa notícia para a economia global e que a comunidade internacional deve iniciar rapidamente o processo de reconstrução da economia iraquiana.

Depois de três semanas de guerra que agora parece ter atingido um momento decisivo, Horst Koehler disse que a nuvem de incerteza causada pelo conflito e pelo clima de expectativa nos meses que o antecederam parece estar desaparecendo.

``Ninguém pode estimar hoje com qualquer precisão os custos permanentes da guerra no Iraque. Mas, até agora, os riscos da guerra para a economia global têm sido contidas,'' disse Koehler em uma entrevista no início do encontro de primavera do Fundo.

A preparação da guerra, que durou mais meses do que muitos esperavam por causa da disputa entre os Estados Unidos e a Europa sobre qual era a melhor maneira de lidar com o Iraque, pesou de forma significativa na frágil economia global, já arranhada pela fraqueza nos Estados Unidos, Europa e Japão.

O cenário de guerra foi uma razão para que o FMI reduzisse suas estimativas para o crescimento econômico mundial este ano para 3,2%, abaixo dos 3,7% previstos pelo Fundo em setembro. Grande parte dessa estimativa se deve aos preços do petróleo, que chegaram a US$ 40 o barril em fevereiro.

As projeções do FMI consideram que o preço do petróleo atinja US$ 31 em média por barril este ano. Mas Koehler notou que os preços do petróleo já caíram para um patamar inferior a essa cotação -- um pouco mais de US$ 28 o barril --, agora que se caminha para uma rápida resolução da guerra no Iraque.

``As preocupações quanto a uma alta significativa dos preços do petróleo não se materializaram,'' disse Koehler.

Antes de o conflito começar, alguns especialistas disseram que se a guerra durasse seis meses, os preços do petróleo poderiam subir para US$ 90 o barril, uma dinâmica que aumentaria os custos dos setores de transporte e manufatureiro em todo o mundo e causaria recessão.

O secretário do Tesouro norte-americano, John Snow, disse à Fox News que as nações ricas devem preparar-se para dar ao Iraque um alívio para os pagamentos de sua dívida e que o assunto estaria na agenda dos encontros dos ministros das finanças do Grupo dos Sete (G7) países mais industrializados.

Depois de duas décadas do regime de Saddam, não se sabe qual é o tamanho do endividamento do Iraque mas sua economia tem sido ``terrivelmente mal-administrada'', e seria injusto dar início a uma nova fase com o país mergulhado em antigas dívidas.

A questão sobre como pagar pela reconstrução do Iraque é potencialmente controversa. Alguns dos credores do Iraque são participantes do G7 como a França e a Alemanha, que se opuseram fortemente à decisão dos Estados Unidos de expulsar Saddam à força.

Koehler, do FMI, disse que agora é seguro considerar que a guerra será curta, mas ele ressaltou que as condições para o crescimento global ainda representam um desafio uma vez que muitos dos problemas afetando as economias são anteriores ao conflito.

Reconstruir a economia iraquiana não será fácil. Membro fundador de tanto o FMI quanto o Banco Mundial, o Iraque tem sofrido mais de uma década de isolamento, depois que sanções foram impostas a partir da guerra do Golfo em 1991. Nenhuma delegação do Fundo esteve em Bagdá desde 1983.

Perguntado quanto seria necessário para reconstruir o Iraque, o presidente do Banco Mundial, James Wolfenhson, respondeu: ``Eu não tenho a menor idéia. É muito difícil chegar a uma avaliação sobre o quanto é necessário.''

Koehler e Wolfensohn ressaltaram questões que devem ser tratadas antes que a ajuda à Bagdá seja retomada. As Nações Unidas têm que reconhecer seja qual for o governo estabelecido no Iraque, as sanções da ONU têm que ser suspensas e US$ 82 milhões em obrigações junto ao Banco Mundial e US$ 71 milhões em taxas do FMI precisarão ser honrados pelo Iraque ou outras nações.

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