Reuters
11/04/2003 - 00h22

Índios sioux processam governo dos EUA em US$ 25 bi

da Reuters, em Los Angeles

Seis membros da etnia sioux alegam ter sofrido abuso físico e sexual em colégios internos públicos dos Estados Unidos e estão pedindo US$ 25 bilhões de indenização ao governo norte-americano em ação judicial movida ontem. Eles esperam que o processo beneficie outros milhares de índios no país.

Os seis frequentaram escolas católicas na Dakota do Sul e afirmam que o abuso sexual, físico e psicológico foi infringido às crianças indígenas pelo sistema escolar patrocinado pelo governo, que os forçou a deixar suas casas para viverem em internatos.

Eles se baseiam na violação de tratados assinados ainda no século 19 entre o governo dos EUA e tribos indígenas.

Nenhum porta-voz da Secretaria da Justiça foi encontrado para se pronunciar sobre o processo movido numa corte federal em Washington.

"Em toda minha vida eu evitei pensar sobre essas coisas", afirmou Adele Zephier em entrevista coletiva em Los Angeles. "Estou feliz de estar aqui hoje para contar a todos a verdade sobre o que aconteceu conosco quando éramos crianças".

Zephier disse que sofreu abuso de freiras e foi molestada sexualmente por um padre numa escola administrada pela Igreja Católica St. Paul entre 1948 e 1975 em Marty, na Dakota do Sul. Seu irmão Sherwyn Zephier afirmou ter sido espancado várias vezes na escola.

Genocídio

O ativista norte-americano de origem indígena Russell Means, que participou da entrevista coletiva, disse que o governo dos EUA tolerou o abuso como parte de um plano para destruir a cultura dos nativos americanos e que acusação é um "eufemismo legal para genocídio".

"É contra a lei processar os EUA por genocídio, mas é exatamente isso que estamos fazendo", afirmou Means, um dos líderes do confronto armado que opôs índios e polícia na Dakota do Norte em 1973.

"Estamos avisando os Estados Unidos da América que não é possível fingir ser uma coisa para o mundo enquanto nós somos assassinados aqui dentro", disse.

Jeff Herman, principal advogado do caso, pretende incluir "centenas de milhares" de indígenas norte-americanos que sofreram abuso em internatos no processo. Ele espera ainda que outras ações do tipo sejam movidas.

Herman disse que o processo não corre o risco de prescrever, já que as acusações acabam de ser reveladas.

"Acreditamos que o governo está envolvido por acobertar maciçamente esses atos". Segundo tratados assinados pelos EUA e por tribos indígenas, o governo é responsável por danos aos índios, mesmo que não os tenha infringido diretamente.
"Não importa se o governo fez ou não algo errado. Tenham ou não cometido o erro, o dinheiro é deles", disse.
 

FolhaShop

Digite produto
ou marca