Reuters
29/04/2003 - 15h51

Brasil deve concentrar-se em software, não em chips, diz Intel

da Reuters

O Brasil deve focar seus esforços tecnológicos na "robusta" indústria de software local em vez de tentar competir no mercado internacional produzindo chips diante da fortíssima concorrência dos países asiáticos. A opinião é do presidente-executivo da Intel, maior empresa de semicondutores do mundo, Craig Barrett.

Barrett, que está no Brasil durante viagem anual pela América do Sul, comentou a força do software produzido no país, mas afirmou que a produção nacional está muito voltada para o mercado interno, e não para o externo.

"A indústria de software no Brasil é muito robusta, com receitas anuais de US$ 7 bilhões a US$ 8 bilhões por ano com produção de software, está entre as dez maiores indústrias do mundo no setor", afirmou o executivo. "Mas a maior parte disso é para o mercado interno e eu acredito que é preciso alguma mudança estrutural para fortalecer a indústria que vocês têm."

Barrett esteve reunido com representantes do governo federal ontem para debater sobre as oportunidades do setor de tecnologia brasileira, geração de mão-de-obra qualificada, inclusão digital e criação de um ambiente mais favorável para os investimentos de capital de risco.

Segundo ele, "a janela de oportunidade para a instalação de uma unidade de produção de semicondutores no Brasil (que exigiria investimentos de bilhões de dólares) praticamente se fechou" e por isso faria mais sentido o país investir em sua forte indústria de software.

Ele afirmou que, se criasse uma indústria de chips, o Brasil enfrentaria dura competição de fabricantes asiáticos, que têm anos de experiência no setor e infra-estrutura instalada.

Microprocessadores são a base de qualquer aparelho eletrônico e responsáveis por grande parte de seu custo. A importação desses componentes onera a balança comercial do país.

Sars

Apesar de se manter "moderadamente otimista" sobre o crescimento da demanda global por semicondutores no segundo semestre deste ano, o presidente-executivo da Intel acredita que a indústria pode ser afetada pela Sars (síndrome respiratória aguda grave), que atinge o sul da Ásia e o Canadá.

"Acho que se essa pneumonia atípica continuar se espalhando pela Ásia, um dos motores de crescimento da indústria de tecnologia, ela pode ter um impacto material se não for controlada", disse Barrett.

A Sars surgiu no continente asiático e já matou mais de 350 pessoas e infectou 5.500 em cerca de 30 países.

Barrett preferiu não fazer comentários sobre pedidos futuros de clientes, mas afirmou que a previsão de faturamento de entre US$ 6,4 bilhões e US$ 7 bilhões no segundo trimestre está mantida.
 

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