Reuters
19/05/2003 - 18h53

Modelo de negócios para o Wi-Fi é difícil de ser alcançado

da Reuters, em Londres (Reino Unido)

Quer se trate de acesso de banda larga à internet, telefones móveis 3G (de terceira geração) ou monitores de tela plana, as empresas de informática fizeram da divulgação de novas tecnologias uma arte sofisticada. Mas ganhar dinheiro com elas é assunto completamente diferente.

O Wi-Fi --uma tecnologia que permite que os usuários de laptops e palmtops naveguem em alta velocidade pela internet em lugares públicos-- é o acrônimo que vem ganhando mais prestígio recentemente.

Mas dessa vez existe uma diferença. O Wi-Fi já está sendo instalado em 15 mil pontos na Europa até o final deste ano, promovido por uma improvável combinação entre donos de cafés, operadoras de telefonia móvel e fabricantes de chips.

Como acontece com todas as tecnologias novas, há muitas dúvidas quanto às maneiras de atrair clientes e ganhar dinheiro. Já que o equipamento para o Wi-Fi tem instalação tão barata, a decisão foi a de lançar o serviço primeiro e aprender depois.

Uma campanha de expansão descontrolada semelhante à dos primeiros dias da internet está em curso, com grandes e pequenos operadores ansiosos por instalar seus transmissores de Wi-Fi onde quer que viajantes equipados de laptops se encontrem.

Na Europa, a corrida pelo Wi-Fi é liderada por operadoras como a BT e a Swisscom, que não têm bilhões de euros amarrados ao desenvolvimento de redes de telefonia móvel de alta velocidade 3G. Com investimentos muito menores no Wi-Fi, elas esperam conquistar uma fatia do mercado de acesso móvel à internet sem gastar muito.

Os custos de equipamento, para um café de pequeno porte, ficam na casa das centenas de dólares. Para que as operações dêem lucro, o operador de Wi-Fi só precisa cobrir o custo da linha de telecomunicações de alta velocidade que conecta seu ponto à internet.

Mas eles ainda assim enfrentam desafios. As pesquisas mostram que um café de pequeno porte requer dezenas de usuários regulares por mês para recuperar os custos de instalação de um "hotspot".

Isso significa que o Wi-Fi, como negócio, funciona melhor em locais com muita gente, como um aeroporto, diz Paul Lee, da Deloitte Research.

Mas mesmo em um aeroporto como Schiphol, de Amsterdã, o quarto maior da Europa, com 41 milhões de passageiros anuais, só cerca de 12 pessoas usam a rede Wi-Fi a cada dia, ante 600 usuários da internet fixa, diz Edward van de Zande, administrador dos serviços de acesso público à web no aeroporto.

"Eu acho que vai ser muito difícil construir um modelo de negócios baseado somente em hotspots", disse Zande.

Preço é ainda um grande obstáculo para os usuários Wi-Fi. Os internautas pagam em média € 7 por hora, segundo a Pyramid Research. Contratos mensais custam até € 120.

Porém, eles estão caindo rapidamente para menos de US$ 10 por dia e enquanto a demanda é estimulada, fica cada vez mais difícil conseguir lucro. Outro gargalo é a falta de acordos de roaming entre operadores Wi-Fi. Usuários que precisam viajar constantemente têm que assinar mais de um serviço para conseguirem se conectar à internet enquanto estão em trânsito.
 

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