Reuters
22/05/2003 - 12h25

Documento eletrônico ganha espaço do papel no Brasil

da Reuters

A digitalização e criação eletrônica de documentos é um dos segmentos do setor de tecnologia que mais cresce no Brasil. O mercado evoluiu do mero escaneamento de pilhas de papéis para a criação digital de documentos com valor jurídico, estimulado por legislação que reconheceu a assinatura eletrônica.

"Não tem outra alternativa. Ou você digitaliza ou morre afogado em papel", alerta o diretor de tecnologia da informação da seguradora Porto Seguro, Emílio Vieira.

A empresa, com 2,5 milhões de clientes, usa sistemas de documentos eletrônicos desde 1994 e investe a cada ano "dezenas de milhares de dólares" para melhorar a tecnologia.

A Adobe, criadora da tecnologia PDF de formatação de documentos eletrônicos que virou padrão na indústria, estima que o mercado brasileiro esteja crescendo cerca de 25% ao ano.

"Acredito que o mercado brasileiro fature cerca de 1,5% a 2% das vendas mundiais por ano", disse o diretor geral da Adobe Systems para América Latina, Leandro Hernandez. As vendas de sistemas de documentos eletrônicos no mundo giram em torno de US$ 9 bilhões por ano. Ou seja, no Brasil, seriam movimentados até US$ 180 milhões.

"Muitas empresas estavam digitalizando documentos para conservá-los. Porém, muitos dos processos que eram feitos em papel estão sendo migrados para meios digitais", comentou o executivo.

O gerente de tecnologias de gerenciamento de informação da IBM, Rogério Inomata, acredita que custos menores impulsionaram o crescimento rápido do setor. Segundo ele, "as empresas compram mais soluções porque se sentem mais seguras com a tecnologia e porque houve uma redução nos custos com infra-estrutura, como armazenamento, transmissão de dados e scanners".

Outro motivo para o crescimento está em uma medida provisória aprovada em 2001 que dá validade jurídica a documentos eletrônicos que tiverem assinaturas digitais emitidas por entidades aprovadas pelo governo. Uma assinatura digital é um código eletrônico que funciona como uma identidade do autor do documento, o que garante a sua veracidade.

A empresa nacional CertiSign é uma dessas seis autoridades do país que podem emitir assinaturas digitais. A empresa vendeu, em 2002, 50 mil "identidades eletrônicas" por preços que variavam de R$ 15 a R$ 3.000 e estima para este ano um mercado de 1 milhão de certificados.

"Muitas empresas estão acordando para os documentos eletrônicos e estão loucas para terem soluções nesta área", disse o diretor da CertiSign, Sérgio Kulikovsky, apostando que o mercado local vai viver uma explosão.

Sem papel nem tinta

O Cenadem (Centro Nacional de Desenvolvimento do Gerenciamento da Informação), empresa privada que reúne dados do setor, prevê que o número de implantações de sistemas de documentos eletrônicos cresça 56% este ano em relação ao ano passado.

Entre os principais setores interessados estão os bancos, que processam bilhões de cheques e os arquivam por cinco anos, instâncias governamentais e empresas de infra-estrutura, como energia e telecomunicações. Estas três áreas representam 60% de todo o mercado nacional de gestão de documentos eletrônicos.

Mas outras áreas, como a de educação, começam a se mexer. A Faap (Fundação Armando Álvares Penteado) adotou no final do ano passado um sistema para eliminar 15 toneladas de documentos em papel produzidos anualmente por cerca de 14 mil alunos e mil professores.

Em um ano, a Faap pretende ter 80% dos documentos --burocracia e pesquisa-- tramitando pela rede interna (intranet). "O sistema aumenta a transparência nos processos e dá maior agilidade à Fundação", disse o responsável pela rede, Rafael Possik.

Além de marcar pontos na preservação do meio-ambiente, o uso da tecnologia também é uma questão de economia para a Faap, que espera economizar até R$ 600 mil por ano somente em cartuchos de tinta para impressoras.
 

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