África torna-se campo da batalha dos transgênicos
SHAPI SHACINDAda Reuters, em Lusaka
É um pouco surpreendente que a batalha transatlântica sobre alimentos geneticamente modificados seja travada nos campos secos dos fazendeiros simples da África.
Aqui, a capacidade de um campo de milho resistir a pestes e secas é uma questão de vida ou morte.
Ainda assim, enquanto milhões de pessoas encararam a falta de comida no ano passado, o governo da Zâmbia disse às agências assistenciais para levarem de volta milhares de toneladas de milho transgênico, preferindo esperar por alimentos não modificados que alimentar o povo com comida geneticamente modificada.
Os líderes do continente se tornaram peões em um jogo amplo de interesses comerciais e econômicos conflitantes, bombardeado com uma rede confusa de informações transformada em propaganda.
"Nós não aceitaremos alimentos transgênicos até que haja um consenso mundial sobre a segurança para o consumo humano", disse o ministro de Comércio e Indústria da Zâmbia, Dipak Patel, após o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, dizer à Europa que sua oposição às colheitas modificadas estava contribuindo com a fome na África.
"A Europa diz não aos OGMs (organismos geneticamente modificados), enquanto os Estados Unidos dizem que eles são seguros. Então não sabemos se os OGMs são seguros, e somos um país em desenvolvimento com capacidade tecnológica limitada para fazer nossos próprios testes", disse Patel. "Nós devemos então esperar até que haja um consenso do mundo desenvolvido."
Qualquer consenso parece longe de ser obtido.
"É uma questão complexa porque trata com comunicação --a qual é frequentemente inadequada-- e com comércio", afirma Wynand van der Walt, do órgão de pesquisa pró-OGM AfricaBio. "Estamos lidando com fatos em uma mão e percepções na outra." Segundo ele, não há evidências de que alimentos transgênicos representam perigo aos humanos.
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