Japão tenta ganhar tempo nas negociações sobre clima
da Reuters, em TóquioO Japão recebe na próxima semana uma delegação da União Européia que vai tentar convencer o país a ratificar o tratado de Kyoto, que regula políticas contra o aquecimento global, mesmo que os Estados Unidos o rejeitem.
O Japão aparentemente vai tentar ganhar tempo antes de tomar uma decisão. Sua participação é vital para a manutenção do acordo que prevê a redução das emissões de poluentes que produzem o efeito estufa. Os Estados Unidos, maior emissor mundial do principal desses poluentes, o dióxido de carbono, disseram que deixariam o pacto por razões econômicas.
Com isso, o Japão ficou numa situação delicada. Não quer desagradar aos Estados Unidos, mas sofre pressão dos europeus.
O primeiro-ministro Junichiro Koizumi, que disse no sábado em Washington que continuará tentando convencer os EUA a rever sua posição, afirmou nesta semana que seu país não precisa necessariamente tomar uma decisão antes da reunião sobre o assunto prevista para Bonn, em 16 de julho.
"Muita gente parece acreditar que a conferência é o prazo final", afirmou Koizumi em Paris. "Acho que não é necessariamente esse o caso."
Na quinta-feira, a ministra do Meio-Ambiente, Yoriko Kawaguchi, disse a um grupo de empresários que há tempo até outubro para uma definição, quando a ONU fará uma conferência sobre mudanças climáticas em Marrakech, no Marrocos.
Tóquio deve propor uma revisão do tratado para convencer os norte-americanos a voltarem. Autoridades japonesas dizem que já há algumas idéias a respeito, mas não deram detalhes.
A delegação da União Européia começou sua viagem pela Austrália. No Japão, fará um vigoroso apelo para que o país ratifique o protocolo mesmo se seus aliados norte-americanos ficarem de fora.
Para entrar em vigor, o pacto precisa ser ratificado por 55 países, representando 55 por cento de todas as emissões de CO2 do mundo. Se Rússia, Japão, União Européia e alguns países do Leste Europeu assinarem, eles atingem os 55 por cento das emissões mesmo sem a participação de Washington. "Se o Japão não assinar, estará na prática matando o Protocolo de Kyoto", disse um porta-voz da UE. O Japão responde por 8,5 por cento das emissões.
A União Européia tampouco estará solidária com o esforço japonês de adiar a decisão enquanto propõe mudanças para agradar a Washington. "Não queremos fechar as portas do processo de atrair novamente os norte-americanos, mas acreditamos que esse processo deve ser paralelo à implementação do protocolo", disse o porta-voz europeu.
O acordo prevê que os países desenvolvidos devem emitir, até 2012, 5,2 por cento menos gases do que em 1990. Entre as mudanças a serem propostas pelos japoneses, está a mudança do ano-base de 1990 para 2000, e uma diminuição na meta específica que havia sido destinada aos EUA, 7 por cento.