Reuters
10/07/2003 - 17h10

Acesso discado à internet atrai para a banda larga

da Reuters

O fraco ritmo de expansão do mercado de acesso discado à internet no Brasil este ano acabou disseminando entre os provedores a estratégia de usar o serviço mais barato como chamariz para converter clientes à banda larga. Um cliente de banda larga gera, em média, receita cinco vezes maior que o usuário da internet convencional.

A Globo.com, por exemplo, que começou a operar comercialmente no início deste ano, provê acesso convencional, mas 80% de sua base de 65 mil assinantes é de usuários da internet rápida. "Nossa prioridade de curto prazo é acelerar a migração de usuários pagantes para a banda larga, e não fazer a banda estreita crescer", disse o diretor de marketing do portal, Frederico Monteiro.

Até o final do ano passado, havia no Brasil ao redor de 700 mil assinantes de acesso rápido. Projeções da indústria estimam que o setor deve fechar 2004 com pelo menos 1,2 milhão de usuários, o que representa um crescimento de 70 % em dois anos.

"A banda larga tem apenas 10% de penetração entre as classes A e B, tem muito o que crescer", afirma o diretor geral do Terra, Fernando Madeira. Um dos primeiros provedores a apostar firmemente no acesso rápido, o Terra tem hoje 30% do seu milhão de assinantes nesse segmento.

Como o acesso discado atende 80% dos internautas das classes mais altas, o que os provedores procuram é migrar essa clientela pagante para serviços mais rentáveis.

Depois de anos de crescimento acelerado na base de internautas ativos residenciais --aqueles que navegam pela rede pelo menos uma vez por mês em suas casas-- os primeiros cinco meses deste ano revelaram um desaquecimento. Dados do Ibope eRatings mostram expansão de 6,5% até maio. No mesmo período de 2002, a taxa tinha sido de 23,8%.

"A internet está crescendo, mas a um ritmo civilizado agora", disse o analista do Ibope eRatings, Marcelo Coutinho, que há dois ou três anos chegou a ouvir previsões de que a internet brasileira teria 50 milhões de usuários domésticos em 2005, sendo que hoje há cerca de 8 milhões de internautas ativos residenciais.

Lento mas popular

Exceções são UOL e AOL, que, apesar de oferecerem serviços em banda larga, ainda acreditam no potencial do antigo e barato modem de 56 kbps --justamente porque a maior parte da população não tem condições de pagar R$ 100 por mês para navegar com conforto pela web.

O UOL, com 1,18 milhão de assinantes, conseguiu uma elevação de 12% em receitas com assinaturas no primeiro trimestre do ano, R$ 100,5 milhões. A maior parte disso veio de usuários discados.

"Sabemos que a banda larga é o futuro, mas num momento recessivo a banda estreita é mais viável", disse um dos diretores fundadores do UOL, Gil Torquato.

Já a AOL, que afirma ser o terceiro maior provedor do país em assinantes pagos mas não divulga números, começou a oferecer banda larga este ano, embora pareça relutante.

"O mercado brasileiro ainda é de banda estreita. O que ocorreu com a banda larga (crescimento acelerado) é que há uma demanda reprimida", disse o presidente-executivo da America Online no Brasil, Milton Camargo. Para ele, a grande barreira para o crescimento do mercado brasileiro ainda é o preço do computador.

A aposta de alguns executivos é que o mercado de acesso discado cresça pelo menos 30% se o governo estabelecer tarifa plana para telefonia e acabar com a cobrança de interurbanos para pessoas que moram fora das cerca de 550 cidades hoje atendidas por provedores locais. As mudanças estão em discussão na Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).
 

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