Reuters
22/08/2003 - 10h19

Russas recorrem à internet para encontrar maridos estrangeiros

da Reuters, em Zelenodolsk (Rússia)

Irina estava bebendo chá com sua filha de 5 anos quando a agência on-line de casamentos ligou para sua casa. "Prepare-se para um boa surpresa", disse a voz. "Temos um homem para você. Um americano de cerca de 40 anos. Mas corra se você não quiser perdê-lo, ele vai partir em breve."

Depois de meses de espera, foi de fato uma surpresa para a jovem de 26 anos, que estava perdendo as esperanças de achar na internet um príncipe encantado estrangeiro que a tirasse do vilarejo onde mora no meio da Rússia.

Divorciada e desiludida com os homens locais, Irina está entre as muitas noivas por encomenda da Russia que procuram um bom partido no Ocidente para tirá-las da miséria da vida pós-soviética.

Mas as pretendentes ficam à mercê das agências, devido ao sistema de telecomunicações ultrapassado.

Vinte minutos depois, Irina estava diante de um uruguaio frágil e careca com cinqüenta e tantos anos. A agência deu aos pombinhos um intérprete e uma hora para tomar a decisão.

"Eu ainda tive sorte. Outras não conseguem nada. Só pagam e pagam e nada aparece", disse ela, resignada.

As agências de casamento via internet proliferam em Yoshkar-Ola, uma cidade de 250 mil habitantes a cerca de 800 quilômetros de Moscou, mas o sonho de encontrar um marido estrangeiro tem um preço.

Com poucas casas com acesso à internet e poucas mulheres que sabem falar uma língua estrangeira, as candidatas têm de se submeter totalmente às agências, muitas vezes sendo enganadas por cartas fabricadas de pretendentes, tática das empresas para manter as clientes pagando, mesmo que não haja pretendentes.

As candidatas também às vezes são exibidas uma após a outra em uma fila aos pretendentes, prática a que Irina se recusa agora, depois de se sentir humilhada.

Mas a esperança persiste, e as agências continuam operando com sucesso.
 

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