Reuters
11/07/2001 - 10h29

Defensor de Milosevic diz que ditador terá apoio de sérvios

da Reuters, em Belgrado (Iugoslávia)

Christopher Black, 51, membro do comitê internacional de apoio a Slobodan Milosevic, disse que ele é inocente de todos os crimes de que é acusado, que as evidências de valas comuns onde teriam sido enterradas vítimas de limpeza étnica são dúbias e que os sérvios que vivem espalhados pelo mundo estão dispostos a defender o ditador contra o "linchamento" da Otan (Organização do Tratato do Atlântico Norte).

Black, advogado canadense que visitou o ex-ditador iugoslavo em sua cela em Haia (Holanda) nesta semana, disse que o comitê planeja uma série de eventos públicos -campanhas publicitárias e culturais, por exemplo- para denunciar o que considera uma injustiça contra Milosevic, acusado de crimes de guerra.

Segundo Black, Milosevic está com bom ânimo e sem intenções suicidas. Na segunda-feira (9), eles discutiram a estratégia de defesa a ser apresentada ao tribunal internacional da ONU (Organização das Nações Unidas).

O advogado disse que membros da comunidade sérvia de sua própria cidade, Toronto (em torno de 60 mil pessoas), já se ofereceram para participar da campanha em prol de Milosevic, acusado de assassinatos em massa e expulsão de albaneses étnicos da província de Kosovo.

"Mesmo aqueles que o detestam entraram em contato para dizer que estão descontentes com o fato de ele ter sido entregue a Haia e estão dispostos a financiar sua defesa", afirmou. "Isso acontece também na Austrália e nos Estados Unidos."

AP - 02.fev.2001

Slobodan Milosevic, ex-presidente da Iugoslávia
O Comitê Internacional para Defender Slobodan Milosevic foi fundado em 24 de março, exatamente dois anos depois do início da campanha de bombardeios da Otan contra a Iugoslávia, que tinha o objetivo declarado de defender os albaneses de Kosovo. Logo depois da criação do grupo, Milosevic foi preso na Iugoslávia por corrupção. No mês passado, o governo reformista do país decidiu extraditá-lo para Haia.

O comitê considera as acusações contra Milosevic parte de um esforço da Otan para justificar seus bombardeios de 1999 e punir o ex-ditador por ter ousado desafiar a aliança militar ocidental.

Milosevic não reconhece a autoridade do tribunal e se recusou a constituir um advogado. "Ele está determinado a lutar contra a Otan onde quer que esteja", disse Black. "Acho que ele vai vencer, haja o que houver. Este homem está sendo injustiçado. Ele não é culpado de nada."

O dramaturgo britânico Harold Pinter está no comitê, que, segundo Black, inclui 200 acadêmicos, políticos, jornalistas e advogados, entre outros. O site do Comitê Internacional para Defender Slobodan diz ter o apoio de 600 pessoas em 30 países.

Black disse desconfiar da maior parte das evidências contra ele, como a recente descoberta de valas comuns na Sérvia, supostamente cheias de corpos de albaneses. "Ouvimos histórias de valas comuns desde o começo das guerras (dos Bálcãs), e sempre que se examinam essas valas comuns elas desaparecem", disse Black, rejeitando os argumentos de vários investigadores que as consideram provas legítimas.

Ele disse ainda que as manifestações pró-Milosevic em Belgrado atraíram muito mais gente do que os poucos milhares estimados por respeitados órgãos de imprensa locais e internacionais.

Black já defende um general de Ruanda acusado de genocídio em outro tribunal da ONU.
 

FolhaShop

Digite produto
ou marca