Reuters
11/07/2001 - 11h52

Sobrevivente do massacre no Líbano quer justiça contra Sharon

da Reuters, em Jerusalém

Uma palestina que sobreviveu ao massacre israelense no Líbano, em 1982 _quando o atual primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, comandou as tropas israelenses que bombardearam e sitiaram Beirute por três meses, com o objetivo de aniquilar focos da resistência palestina _quando quase 20 mil pessoas foram mortas_,e atuamente vive na Cisjordânia, disse hoje que espera que o governo belga indicie Sharon por crimes de guerra.

"Estou pronta para ir à Bélgica contar as atrocidades que vi. Espero que isso ajude a extraditar Sharon", disse Nawal Saed, de 40 anos.

Um juiz belga abriu uma investigação contra Sharon graças a uma polêmica lei belga que permite o julgamento de autoridades estrangeiras por abusos contra os direitos humanos, mesmo que eles tenham sido cometidos em território estrangeiro e não tenham envolvido cidadãos belgas.

Um grupo de 23 libaneses e palestinos que sobreviveram ao massacre nos campos de refugiados de Sabra e Shatila já apresentou queixas contra Sharon na Bélgica. Em 1982, milicianos cristãos do Líbano invadiram os campos de refugiados palestinos sob o olhar complacente de seus aliados israelenses, matando centenas de homens, mulheres e crianças. Em 1983, um inquérito israelense concluiu que Sharon, então comandante militar, era indiretamente responsável pelo massacre, acusação que ele rejeita.

Saed, hoje mãe de quatro filhos, perdeu a mãe e um tio no massacre. Ela se mudou para Nablus (Cisjordânia, sob governo palestino) em 1996 para reunir-se com sua família.

"Pessoalmente, considero Sharon totalmente responsável pelos assassinatos não só de minha mãe e de meu tio, mas também por todos aqueles que foram massacrados", disse Saed, que acredita ser a única sobrevivente do massacre vivendo na Cisjordânia.

Ela afirmou que, depois do indiciamento do ex-ditador iugoslavo Slobodan Milosevic pelo tribunal de Haia, no mês passado, começou a se sentir mais confiante na prisão de Sharon. A mãe dela foi morta em Shatila quando procurava farinha para alimentar sua família de 13 pessoas.

No dia seguinte, Saed e seus parentes fugiram para a Síria, onde viveram por 15 anos. "Eu sei (que o eventual julgamento de Sharon) não vai devolver o que eu perdi, mas pelo menos levanta a consciência internacional a respeito dos massacres cometidos pelos palestinos", afirmou.

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