Reuters
12/07/2001 - 13h44

Protocolo de Kyoto chega à hora da verdade na Alemanha

da Reuters, em Bruxelas

O futuro do pacto sobre aquecimento global será determinado em um encontro que começa na próxima segunda-feira na Alemanha, onde os governos devem decidir medidas para reavivá-lo ou deixá-lo morrer.

Durante duas semanas, as partes envolvidas nesse acordo ambiental vão discuti-lo pela primeira vez desde que o presidente George W. Bush anunciou que os Estados Unidos não iriam cumpri-lo para evitar prejuízos a sua economia.

Pelo Protocolo de Kyoto, de 1997, os países desenvolvidos precisariam reduzir suas emissões dos chamados gases do efeito estufa (principalmente o dióxido de carbono, CO2), responsáveis pelo aquecimento global. Desde novembro passado, quando houve uma reunião em Haia para acertar detalhes do plano, ele parecia fadado ao fracasso.

As consequências disso podem ser desastrosas. Segundo um estudo da ONU divulgado pela primeira vez em fevereiro e publicado novamente esta semana, a temperatura da Terra pode aumentar entre 1,4ºC e 5,8ºC entre 1990 e 2100.

Isso provocaria o derretimento de parte das calotas polares e submergiria as regiões litorâneas do planeta, além de provocar a extinção de espécies animais e vegetais e desertificação. Segundo os especialistas, seria necessário reduzir em 60% as emissões de CO2 para estabilizar o clima.

Inicialmente, a queda-de-braço entre União Européia e Estados Unidos dizia respeito apenas à rigidez com que as regras deveriam ser aplicadas. Washington queria algumas exceções para não precisar reduzir tanto suas emissões de poluentes. Mas, com a chegada de Bush ao poder, os norte-americanos abandonaram completamente o tratado.

Oficialmente, a agenda de Bonn prevê a discussão de detalhes como a "venda" do direito de poluir, como fazer com que os países cumpram o protocolo e como envolver as nações subdesenvolvidas no processo. Mas a grande questão é se o protocolo de Kyoto pode sobreviver sem os EUA.

Para entrar em vigor, o protocolo precisa ser ratificado por 55% dos signatários, representando 55% das emissões de CO2 em 1990. Teoricamente, isso pode acontecer sem os EUA, responsáveis por 36% das emissões do planeta.

Mas para isso será imprescindível o apoio do Canadá, Austrália e principalmente Japão, tradicionais aliados dos norte-americanos nestas questões.

O Japão quer manter vivo o tratado que leva o nome de sua antiga capital. A ministra do Meio-Ambiente, Yoriko Kawaguchi, tenta convencer os EUA a recuar, mas se recusa a dizer se irá adiante com o tratado caso não consiga. "Sem os EUA, o pacto não será efetivo", disse Kawaguchi antes de uma viagem a Washington, na sexta-feira.

A União Européia não espera nenhuma solução espetacular em Bonn. Jos Delbeke, responsável pelo assunto no grupo, disse que serão necessários meses de negociações depois da reunião, mas que é importante manter o processo em marcha e atingir um acordo político sobre os próximos passos.

A posição da delegação norte-americana em Bonn não é clara. Os EUA pediram que a reunião fosse adiada para formularem uma nova posição, mas o país ainda não apresentou uma proposta alternativa, apesar de dizer que leva a questão do aquecimento global a sério e tomará providências. Os europeus chegaram a acusar os EUA de sabotar o encontro, incentivando Japão e outros países a não negociarem.
 

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