Reuters
20/07/2001 - 17h46

Autor de biografia proibida de Bush morre em aparente suicídio

da Reuters, em Little Rock (EUA)

James Howard Hatfield, autor de uma biografia do presidente George W. Bush, que chamou a atenção dos EUA mas teve sua publicação suspensa pela editora devido aos antecedentes criminosos do próprio escritor, morreu num hotel de beira de estrada no Estado de Arkansas. A polícia disse hoje que provavelmente foi suicídio.

Segundo a polícia, a primeira hipótese é que Hatfield, 43, tenha morrido de overdose de drogas. Seu corpo foi encontrado por uma camareira na quarta-feira, um dia depois de sua chegada a um hotel de beira de estrada em Springdale, perto de Betonville, sua cidade natal, e a cerca de 320 quilômetros da capital do Estado, Little Rock.

Segundo o detetive Mike Shriver, do Departamento de Polícia de Springdale, não há dúvida de que a morte foi por suicídio. "Ele deixou um bilhete e tudo o mais", disse Shriver, referindo-se a Hatfield. "Tudo se encaixa direitinho."

A biografia não-autorizada escrita por Hatfield - "Fortunate Son: George W. Bush and the Making of an American President" - fez manchetes em outubro de 1999 (quando Bush fazia campanha para a candidatura presidencial republicana), com alegações, baseadas em fontes anônimas, de que Bush teria um histórico de uso de cocaína nos anos 1970.

Bush negou-se a comentar diretamente as alegações envolvendo cocaína, dizendo apenas que cometeu erros na juventude mas que não usava drogas ilegais desde pelo menos 1974. Nenhuma testemunha se apresentou para confirmar a história.

O pai do atual presidente, o ex-presidente George Bush, desmentiu as alegações feitas no livro de que seu filho teria sido preso em 1972 por posse de cocaína e que um juiz estadual do Texas teria retirado a prisão de sua ficha, em troca de favores políticos.

A credibilidade de Hatfield foi questionada, e, após revelações de que, em 1988, o autor se confessara culpado de tentativa de homicídio e servira pena de prisão no Arkansas, a editora St. Martin's Press recolheu os exemplares não-vendidos do livro.

Hatfield afirmou não ser o ex-preso em questão, que seria seu homônimo, mas as autoridades penitenciárias do Arkansas negaram essa versão.

Segundo Shriver, uma carta encontrada perto do corpo falava de problemas financeiros, e amigos de Hatfield disseram aos investigadores que, nos últimos dias de vida, ele estava cada vez mais deprimido.

Vidros de medicamentos manipulados foram encontrados no local do crime, mas Shriver se negou a identificar as substâncias em questão enquanto não sair o relatório toxicológico do Instituto Médico Legal do Arkansas, que pode levar três meses para ficar pronto.
 

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