Reuters
20/03/2002 - 00h00

Entrevista: Líder timorense disputa presidência por obrigação

da Reuters, Díli (Timor Leste)

Xanana Gusmão, relutante em assumir seu papel na liderança do Timor Leste, afirmou que, se os eleitores derem-lhe a vitória no próximo mês, fará o melhor que puder para administrar o mais jovem país do mundo.

O carismático ex-líder guerrilheiro vem adiando assumir o papel para o qual é apontado como favorito desde que foi libertado de uma prisão em Jacarta [capital indonésia] na época em que Timor Leste aprovou em um plebiscito sua independência do país asiático, em 1999.

Reuters - 9.mar.2002
Xanana Gusmão, líder da Fretilin (Frente Revolucionária de Timor Leste Independente)

Em uma entrevista concedida à "Reuters", Gusmão afirmou não tem certeza ainda dos seus sentimentos a respeito da eleição de 14 de abril, mas disse que não desejava desapontar seus compatriotas.

"Mesmo se eu vencer, continuarei a dizer que não desejo liderar, isso é um dogma para mim. Se eu vencer, farei o melhor que puder", disse Gusmão.

A relutância do ex-líder guerrilheiro desapontou seus colegas da resistência e autoridades da ONU (Organização das Nações Unidas), ansiosos por verem essa pobre nação ser bem-sucedida após tornar-se formalmente independente no dia 20 de maio, colocando fim a séculos de ocupação estrangeira.

Eles também mostraram-se preocupados com a postura política do líder, pois recentemente Gusmão ameaçou abandonar a candidatura devido a uma disputa em torno do uso de símbolos de partido. O impasse foi superado pelo único adversário dele, Francisco Xavier do Amaral, que cedeu.

O poeta e ex-professor disse desejar apenas dar uma vida melhor para os 740 mil moradores do novo país.

"Se for eleito presidente, continuarei a dar atenção ao processo democrático, a ajudar as pessoas a assimilar os valores da democracia", disse o candidato.

"Ajudarei à população a discutir e debater os problemas, não apenas em termos de prioridades nacionais, mas fortalecendo a consciência de seu direito de exigir, de uma forma pacífica, uma vida melhor", afirmou.

 

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