Líder timorense critica cartazes de "procurados" com nome de milicianos
da Reuters, em Dili (Timor Leste)
O principal líder da independência de Timor Leste, Xanana Gusmão, acusou hoje os membros australianos da força de paz internacional de colocar em perigo o processo de reconciliação no país ao espalhar cartazes de "procurados" com os nomes de três milicianos pró-Indonésia.
"Aceitamos os motivos da PKF (força de paz) para pregar esses pôsteres, ou seja, para proteger as forças australianas e a população local. Mas essa não é uma boa forma de obter a reconciliação e a justiça", disse Gusmão.
Os cartazes foram afixados nesta semana nas cidades de fronteira Balibo e Batugade, encorajando moradores locais e delatar os três membros da milícia Halilintar.
Gusmão afirmou não conhecer os três milicianos e criticou os australianos pelo fato de a medida ter sido tomada sem que ele ou outros líderes da independência de Timor Leste fossem consultados.
"Esse tipo de coisa cria problemas maiores para a população", disse Gusmão. "Esse tipo de coisa é muito ruim para a reconciliação."
As milícias pró-Indonésia, com o apoio de alguns membros do Exército indonésio, atacaram em 1999 a população de Timor Leste depois da decisão pela independência tomada em um plebiscito.
Desde então, o país encontra-se sob administração da ONU (Organização das Nações Unidas) e deve se tornar completamente independente em 2002.
Alguns milicianos foram levados a julgamento em cortes recém-criadas em Timor Leste, mas a maior parte deles fugiu para o vizinho Timor Oeste ou para outras regiões da Indonésia.