Reuters
23/07/2001 - 15h54

Líderes mundiais dão apoio para nova presidente da Indonésia

da Reuters, em Cingapura

Líderes mundiais apoiaram hoje a nova presidente indonésia, Megawati Sukarnoputri, e desejaram que ela traga estabilidade para um país imerso em crises.

Falando durante uma visita à Itália, o norte-americano George W. Bush disse que espera colaborar com a equipe de Megawati "para enfrentar os desafios indonésios de reformas econômicas, a resolução pacífica dos problemas separatistas e a manutenção da integridade territorial".

"Esperamos que todas as partes trabalhem em conjunto para manter a paz, defender a Constituição e promover a reconciliação nacional", afirmou.

A União Européia pediu calma aos indonésios durante o processo de transição, e prometeu ajuda nas reformas. Gunnar Wiegand, porta-voz da Comissão Européia, disse que a crise política ofuscou outros problemas do país, que agora precisam ser enfrentados, como instabilidade econômica e descentralização.

O primeiro-ministro japonês, Junichiro Koizumi, expressou apoio à nova presidente.

Seu colega australiano, John Howard, reconheceu em Megawati uma importante líder das causas democráticas. "A Austrália tem uma relação ampla e importante com a Indonésia", afirmou.

Na verdade, os laços entre os dois países foram abalados quando a Austrália comandou as tropas de paz que ocuparam Timor Leste, após o plebiscito em que os moradores da ex-colônia portuguesa decidiram se separar da Indonésia.

Reunida em Hanói, a Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean) reconheceu Megawati como a nova presidente. O governo de Cingapura, que manteve relações tensas com Wahid, disse que a nova fase permitirá o retorno da calma ao país. O premiê tailandês, Thaksin Shinawatra, disse que toda a região será beneficiada com a estabilidade na Indonésia.

Hoje, os parlamentares indonésios elegeram Megawati, filha do fundador do país, como a quarta presidente em quatro turbulentos anos. Pouco antes, seu antecessor, Abdurrahman Wahid, foi destituído por incompetência.

Horas antes de sofrer o impeachment, Wahid tentou dissolver a Assembléia Consultiva do Povo, para evitar a votação que o tiraria do poder. Sem apoio dos militares, a manobra não funcionou.

Wahid acompanhou a votação no palácio presidencial, um edifício da era colonial que estava cercado de barricadas de arame farpado. Não se sabia como ele sairia de lá, já que seus assessores disseram que ele não estava disposto a se mover.

O temor de que a destituição de Wahid poderia incendiar os ânimos de seus seguidores não se confirmou. Os líderes muçulmanos pediram aos fiéis que não se manifestassem, e não houve sinais de violência em Jacarta ou no leste de Java, principal reduto do ex-presidente, um carismático clérigo islâmico que é quase cego.

A eleição de Megawati despertou o otimismo dos mercados. A Bolsa chegou à sua maior cotação em dez meses, enquanto a enfraquecida moeda nacional, a rúpia, valorizou-se dez por cento.

O FMI disse que a mudança de governo não vai afetar os planos relativos a um empréstimo de US$ 5 bilhões. "Acertamos um conjunto de medidas com o governo, e essas medidas podem ser postas em prática independentemente da composição do governo", disse John Dodsworth, representante do Fundo em Jacarta.

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