Reuters
23/07/2001 - 17h28

Tiroteio em Tetovo ameaça trégua na Macedônia

da Reuters, em Tetovo (Macedônia)

Forças macedônias e rebeldes de origem albanesa travaram uma dura batalha em um subúrbio de Tetovo, pondo novamente em risco o frágil cessar-fogo que dura 18 dias.

Atiradores dispararam na principal praça da cidade. Por toda a tarde, houve troca de tiros de armas leves e metralhadoras no bairro de Drenovec, zona leste, perto do estádio da cidade.

Fontes do hospital local disseram que sete civis e cinco soldados foram feridos. Foi o combate mais pesado em cinco meses de insurgência albanesa _Tetovo é a principal cidade habitada por essa etnia. Segundo a TV estatal, uma menina de 12 anos morreu.

Foguetes atingiram uma série de aldeias nas montanhas que cercam Tetovo, a partir das quais a guerrilha Exército de Libertação Nacional (ELN) avançou. Moradores disseram que houve combates na estrada que leva a Kosovo.

Diplomatas ocidentais tentam negociar a manutenção da trégua para que as duas partes possam começar a discutir um acordo de paz. Mas os novos combates deixaram novamente a Macedônia à beira de uma guerra civil.

Uma autoridade macedônia disse que o Exército esteve a ponto de romper totalmente o cessar-fogo mediado pela Otan. "Os rebeldes usaram morteiros contra nossas posições, e por isso estivemos próximos de ordenar o uso de todos os meios necessários para a defesa. Mas não chegou a tanto", disse.

A batalha de hoje começou às 11h (6h em Brasília), enquanto enviados norte-americanos e europeus encontravam o presidente Boris Trajkovski na capital, Skopje, 40 quilômetros a oeste de Tetovo.

A negociação de um acordo de paz que garanta mais direitos aos albaneses e seu idioma parou na semana passada, frente à reação macedônia que considerava os termos propostos um convite à secessão no país.

Os mediadores ocidentais ainda acreditam que é possível ressuscitar o processo de paz. "Continuamos resolutos e vamos continuar trabalhando dentro do nosso mandato para atingir um acordo político", disseram os enviados James Pardew e François Leotard em um comunicado que condenou os choques.

Líderes macedônios dizem que a primazia de seu idioma é essencial para a identificação do país, independente há dez anos. Essa tese revolta os nacionalistas e torna difícil um acordo.

O ELN conseguiu o controle sobre áreas do norte e oeste da Macedônia onde vive a maioria dos albaneses. Seu avanço sobre Tetovo, capital extra-oficial dos albaneses, alarmou os macedônios, que afirmam estar havendo uma limpeza étnica nas suas aldeias da região.

Os guerrilheiros negam ter objetivos territoriais. Segundo eles, sua meta é melhorar as condições de vida dos albaneses, que há séculos vivem onde hoje é a Macedônia e representam entre um quatro e um terço da população do país, que é de 2 milhões de pessoas.

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