Reuters
27/07/2001 - 16h10

Atentados criam um problema para o turismo espanhol

da Reuters, em Madri

As bombas que os separatistas bascos explodiram nesta semana na Espanha causaram mais uma preocupação para o turismo do país, que movimenta US$ 60 bilhões por ano, mas já tinha sofrido um duro golpe com greves no setor e a concorrência de outros países do Mediterrâneo.

Cumprindo sua promessa de atacar alvos turísticos, o grupo separatista ETA (Pátria Basca e Liberdade, em basco) colocou ontem um carro-bomba potencialmente devastador no aeroporto de Málaga, na Costa do Sol (sul), cidade que atrai muitos turistas atualmente, o auge da temporada de verão.

A bomba _feita com 60 quilos de dinamite e desarmada graças a um telefonema de denúncia_ parece ter sido uma tentativa deliberada de assustar os turistas. Dois dias antes, uma militante do ETA de 22 anos morreu enquanto manipulava explosivos no balneário mediterrâneo de Torrevieja. O Ministério do Interior acredita que ela preparava uma série de ataques na região.

O ETA tem atacado alvos turísticos esporadicamente nos seus 33 anos de existência. Em março, a organização anunciou que a indústria turística entraria na sua lista de alvos este ano. Logo em seguida, dois carros-bombas explodiram em cidades turísticas, matando um policial.

A Espanha é o terceiro país que mais atrai turistas no mundo, depois da França e dos Estados Unidos.

"Até agora, não houve impacto imediato no turismo, mas leva tempo para haver reação nos países de origem", disse um porta-voz do governo.

Três dias de greve de pilotos da Ibéria em junho e julho também fizeram com que os viajantes procurassem outras companhias ou outros destinos. A disputa trabalhista na Ibéria já foi resolvida.

Segundo a Zontur, entidade que congrega hoteleiros, os estabelecimentos já haviam reduzido preços e feitos descontos de última hora por causa da concorrência de outros países. "Há cerca de 1 milhão de leitos a mais este ano em lugares que estavam fora do circuito no ano passado por causa de conflitos ou outros problemas", disse o secretário-geral da Zontur, Felipe Gaspart, referindo-se a países como Turquia, Tunísia, Croácia, Egito e partes do Marrocos.

Segundo ele, a Espanha espera receber neste ano 48 milhões de turistas, o mesmo do ano passado. "Não se repetirão os crescimentos de 10% que víamos em anos recentes."

O turismo é responsável por 11% do PIB espanhol e emprega mais de 9% da força de trabalho. Metade dos US$ 30 bilhões que ele gera vêm do turismo interno.
 

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