Reuters
01/08/2001 - 18h31

Milosevic defenderá a si próprio, mas com ajuda de advogados

da Reuters, em Haia

O ex-presidente iugoslavo Slobodan Milosevic vai apresentar sua própria defesa contra as acusações de crimes de guerra no tribunal da ONU em Haia, mas quer ter a assistência de advogados, segundo disse hoje o ex-secretário de Justiça dos EUA Ramsey Clark, que participa de um grupo de apoio ao ex-ditador iugoslavo.

"Ele é uma pessoa acostumada a falar em seu próprio nome e é isso que fará, mas ele quer ter assistência", disse Clark após visitar Milosevic pelo terceiro dia consecutivo em Haia.

Demonstrando desprezo pelo tribunal que ele considera "um instrumento ilegal" da sua inimiga Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte, aliança militar ocidental liderada pelos Estados Unidos), Milosevic apresentou-se pela primeira vez ao tribunal no mês passado sozinho.

Sua decisão de pedir ajuda legal no tribunal e no momento da detenção pela Otan, mas sem constituir um advogado formalmente, causou dor-de-cabeça para os funcionários do tribunal. "Não há precedente para isso. Qualquer proposta semelhante deveria ser avaliada pelo juiz", disse o porta-voz do tribunal Jim Landale.

Se ele de fato advogar em causa própria, será o primeiro réu do tribunal de Haia a fazê-lo. Especialistas acham que essa estratégia vai fracassar. Seu julgamento deve começar no ano que vem.

"Ele não será representado. Vai receber orientações sobre uma série de coisas. Montará uma defesa muito poderosa", disse Clark, membro do Comitê Internacional para a Defesa de Slobodan Milosevic.

O ex-ditador é acusado de atrocidades contra a minoria albanesa em Kosovo, fatos que levaram a Otan a atacar a Iugoslávia em 1999. Ele foi extraditado da Sérvia em junho para ser julgado por crimes de guerra na Holanda.

Milosevic é mantido isolado dos outros 39 presos da ONU em Haia. O tribunal diz que foi um pedido dele, mas Clark afirma que Milosevic queria a companhia de outros detentos.

Clark, 73, que frequentemente defende interesses impopulares nos Estados Unidos, foi secretário da Justiça no governo de Lyndon Johnson, no final dos anos 1960.

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