Reuters
02/08/2001 - 17h03

ONU prepara explicações sobre fita de vídeo

da Reuters, em Nova York

A ONU (Organização das Nações Unidas) divulga amanhã o resultado da sua investigação sobre o incidente envolvendo uma fita de vídeo gravada na fronteira entre Israel e o Líbano, por soldados de suas tropas de paz.

As gravações foram feitas um dia depois do sequestro de três militares israelenses, no ano passado. Israel acredita que as imagens da fita possuem informações importantes sobre o desaparecimento dos soldados, mas até agora a ONU não divulgou seu conteúdo.

Além de não divulgar as imagens, a ONU passou um vexame por ter negado durante meses _e depois admitido_ a existência da fita.

O subsecretário-geral para administração da ONU, Joseph Connor, foi o responsável pelo inquérito e vai apresentar suas conclusões ao Conselho de Segurança e à imprensa, segundo o porta-voz Fred Eckard. Ele não disse se a própria fita será exibida.

A gravação, feita por um militar indiano um dia depois do sequestro, mostra guerrilheiros impedindo soldados da ONU de rebocar dois veículos abandonados que supostamente haviam sido usados na captura dos israelenses.

Segundo funcionários da ONU, é possível ver no vídeo manchas de sangue em um dos carros, além do rosto de alguns guerrilheiros do Hizbollah. Temendo represálias dos guerrilheiros, a ONU disse que só vai exibir o vídeo para Israel e o Líbano após borrar as imagens de todas as pessoas que não sejam seus funcionários.

Israel, com apoio norte-americano, reclama dessa forma de edição, enquanto o Líbano e o Hizbollah dizem que entregar o vídeo a Israel, de qualquer maneira, significa dar informações a seu inimigo.

O relatório também deve mencionar as suspeitas de que os funcionários da ONU colaboraram com o sequestro. Os guerrilheiros e a ONU negam essa hipótese, levantada no mês passado pelo jornal israelense "Maariv", que ouviu de um soldado indiano a informação de que quatro militares da ONU ajudaram os guerrilheiros.

Segundo o jornal, dezenas de indianos assistiram ao sequestro sem fazer nada. Durante meses, diz o "Maariv", os guerrilheiros ofereceram dinheiro, mulheres e álcool aos estrangeiros.

Os soldados foram sequestrados na perigosa região de Shebaa, que Israel tomou da Síria em 1967. O Hizbollah diz que a região pertence ao Líbano e deve ser desocupada. A ONU considera Shebaa parte da Síria e diz que Hizbollah violou a fronteira criada para monitorar a desocupação israelense do sul do Líbano.
 

FolhaShop

Digite produto
ou marca