Reuters
04/08/2001 - 16h21

Alemães perdem paixão por cerveja e consumo despenca

da Reuters, em Berlim

A paixão dos alemães pela cerveja está se tornando coisa do passado. Apesar da fama mundial de grandes beberrões, o consumo de cerveja vem caindo a níveis assustadores na Alemanha.

Nas últimas duas décadas, o consumo da bebida teve queda de 20% no país. Apenas no primeiro trimestre de 2001, a indústria cervejeira foi abalada por uma redução de 2 por cento. Estima-se que metade das 1.270 cervejarias nacionais estejam operando sem obter lucros.

``O mercado está enfrentando uma mudança radical'', disse Dieter Ammer, diretor da Beck GmbH & Co., maior exportadora do país, recentemente colocada à venda.

A cerveja continua sendo uma das bebidas mais importantes da Alemanha. Não é incomum encontrar trabalhadores tomando uma cervejinha durante um intervalo no meio da manhã ou durante o almoço.

Times de futebol vencedores costumam comemorar com imensos canecos de chope. Compra-se cerveja em máquinas automáticas e até mesmo em redes de lanchonetes fast-food.

Apesar disso, o consumo per capita caiu para 125 litros por ano, de um pico de 156 litros na década de 80. Os ex-campeões mundiais estão agora em terceiro lugar, atrás da República Tcheca (150 litros) e Irlanda.

A indústria atribui a queda nas vendas a diversos fatores, como novas leis sobre beber e dirigir, a concorrência do vinho e bebidas não-alcoólicas e uma nova onda de preocupação com a saúde.

Mas o que mais preocupa as cervejarias é o fato de os jovens alemães estarem deixando de lado o que consideram uma bebida pesada e fora de moda.

Ammer critica os líderes políticos por estarem abalando a imagem da bebida nacional. Ele condena a recente decisão de diminuir os níveis tolerados de álcool para os motoristas. ``Tem havido uma histérica campanha contra o álcool'', reclamou.

Os jovens da Alemanha explicam por que não tomam tanta cerveja quanto seus pais. ``Eu associo cerveja com barriga de cerveja, gordura e um estilo de vida prejudicial à saúde'', disse Lars Gessler, 28, estudante que tenta manter a linha apesar de tomar cerca de 50 litros de cerveja por ano.

Muitos reclamam também do gosto amargo e dizem preferir vinho e outros drinques novos. Diante desse cenário, a Karlsberg tentou criar uma cerveja mais atrativa ao público jovem, adicionando novos ingredientes.

A nova bebida foi um sucesso. Em 1993, a companhia lançou uma bebida chamada ``Mixery'', feita com cerveja, cola e um componente secreto apelidado de ``X''.

A Mixery tornou-se popular nos clubes noturnos. Seu conteúdo alcoólico de 3,1% é menor que os 4,8% de muitas cervejas. Animada com o sucesso, a Karlsberg introduziu no mercado pouco depois um novo drinque que mistura cerveja e suco de maçã.

O gosto pode ser horrível para os apreciadores da cerveja tradicional, mas esses não precisam se preocupar: ainda há no país cerca de 5.000 marcas de cerveja. E, apesar do declínio, o setor continua a ser uma importante peça da economia alemã.
 

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