Reuters
07/08/2001 - 08h32

Cientistas preparam defesa da clonagem humana nos EUA

da Reuters, em Washington

Uma comissão da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos vai ouvir hoje os argumentos de pesquisadores em prol da clonagem humana. A comissão avalia os aspectos éticos e de segurança da possibilidade de criar geneticamente pessoas idênticas.

A academia prepara um relatório sobre a proibição ou não da clonagem humana. Na semana passada, a Câmara dos Deputados decidiu pela sua proibição. Em uma audiência pública, que acontece hoje, apresentarão suas posições o médico italiano Severino Antinori e a bioquímica Brigitte Boisselier, representante do grupo de estudiosos de Ovnis conhecido como Realianos.

Ambos anunciaram planos de criar bebês clonados para casais que não podem ter filhos. Outros cientistas querem usar a tecnologia para testar potenciais tratamentos contra doenças graves.

"A clonagem vai nos ajudar a vencer muitas doenças e dará aos homens inférteis a chance de ter filhos. Não podemos perder a oportunidade", disse Antinori. Para ele, a proibição norte-americana da prática equivale "a uma volta à Idade das Trevas".

O médico Panos Zavos, outro especialista chamado para a reunião, disse que espera começar em novembro a criação de embriões clonados para casais inférteis. O próximo passo seria implantar o embrião no útero, iniciando a gravidez.

Muitos cientistas alertam para o risco de usar as mesmas técnicas que criaram a ovelha Dolly em humanos. Animais clonados apresentam altas taxas da malformação. Especialistas dizem que a maioria dos clones humanos nasceria com deformações.

Os raelianos, que acreditam em extraterrestres e promovem a clonagem como uma chance de "vida eterna", disseram que a técnica é vista hoje com o mesmo receio que há 20 anos era encarada a inseminação artificial - que, entretanto, já gerou 200 mil bebês de proveta saudáveis.

Outra questão que a Academia Nacional de Ciências precisa enfrentar é a ética. Alguns especialistas consideram errado criar pessoas geneticamente idênticas a outras, mesmo que o clone seja muito mais jovem e viva em um ambiente diferente de seu gêmeo genético.

Pela lei aprovada na Câmara, quem clonar um ser humano está sujeito a multa de US$ 1 milhôes até dez anos de prisão. A lei provocou polêmica principalmente por impedir a pesquisa genética. A extração de células-tronco de embriões clonados poderia ser a chave contra doenças graves - forneceria órgãos à prova de rejeição, por exemplo.

Cientistas, pacientes e a indústria de biotecnologia prometem fazer lobby no Senado, dominado pela oposição democrata. O presidente George W. Bush defende a proibição dos clones.

Para clonar um humano, os cientistas colocam o DNA de uma pessoa em um óvulo cujo material genético foi retirado. O óvulo é então estimulado a se dividir, formando um embrião que pode ser implantado em um útero ou usado para pesquisa.

Bush está considerando a concessão de uma verba federal para permitir a pesquisa médica com células-tronco, usando embriões descartados em clínicas de fertilidade.
 

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