Reuters
09/08/2001 - 13h21

Reino Unido prepara ação para evitar fim de diálogo na Irlanda

da Reuters, em Belfast (Irlanda do Norte)

O Reino Unido deve suspender, possivelmente hoje, o governo de coalizão entre católicos e protestantes na Irlanda do Norte para evitar o colapso completo do processo de paz na Província.

A guerrilha católica IRA (Exército Republicano Irlandês, guerrilha católica) emitiu um comunicado hoje confirmando a promessa de entregar suas armas "de maneira completa e verificável", mas a maioria protestante da Província britânica afirma que essas declarações são vazias.

Demonstrando a gravidade da situação, o premiê britânico, Tony Blair, interrompeu suas férias no México para conversar por telefone, ontem, com seu colega da República da Irlanda, Bertie Ahern. Vence no domingo (12) o prazo para um acordo.

A principal tarefa no momento é manter as negociações entre políticos católicos e protestantes, em uma tentativa de contornar os impasses sobre desarmamento das guerrilhas, retirada de tropas britânicas e formação do futuro corpo policial da Província.

Na semana passada, Ahern e Blair apresentaram novas propostas aos dois lados, mas não houve avanços. O principal político protestante, David Trimble, estabeleceu hoje como data decisiva para a proposta anglo-irlandesa, e manteve sua posição de que não pode haver acordo enquanto o IRA não começar a se desarmar.

Os guerrilheiros publicaram no jornal republicano An Phoblact um comunicado em que afirmam já ter se reunido oito vezes com a comissão internacional de desarmamento desde que os contatos foram restabelecidos, em março.

Na segunda-feira (6), a comissão de desarmamento, chefiada pelo general canadense John de Chastelain, emitiu um comunicado em termos semelhantes. Trimble insiste que espera ações, não palavras, do IRA.

O Sinn Fein, partido aliado do IRA, criticou Trimble por suas posições, mas concordou que a situação é séria. "Ninguém deve subestimar a intensidade da crise", disse Gerry Adams, presidente do partido.

Trimble acentuou a crise política ao renunciar, no mês passado, ao seu cargo de primeiro-ministro regional, devido ao não-desarmamento do IRA. Se até domingo católicos e protestantes não chegarem a um acordo sobre um novo governo, as instituições autônomas criadas pelo Acordo de Sexta-Feira Santa, de 1998, vão desmoronar.

Se não houver acordo, Londres terá uma difícil decisão a tomar. Constitucionalmente, deverá suspender o governo de coalizão e apontar diretamente um outro, ou convocar novas eleições.

Esta alternativa é arriscada. Em uma votação realizada em junho, radicais de ambos os lados haviam ganhado terreno. O Reino Unido tem a opção de suspender a assembléia por um dia, o que pelo regulamento parlamentar garantiria mais seis meses de negociações. Também, poderia anunciar uma suspensão mais longa, condicionada a uma revisão do Acordo da Sexta-Feira Santa.

O IRA e quase todos os outros grupos militares da região estão respeitando um cessar-fogo enquanto os políticos tentam costurar um acordo que encerre três décadas de violência na Província, que já matou 3.600 pessoas.

O Acordo da Sexta-Feira Santa foi pensado para encontrar pontos em comum entre os protestantes que querem manter a união com a Reino Unido e os católicos que defendem a integração com a Irlanda.

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