Reuters
11/08/2001 - 19h13

Israel ergue cercas e barreiras para se proteger de palestinos

da Reuters, em Israel

Uma enorme barreira de concreto isola o elegante vilarejo de Bat Hefer das rajadas de tiros palestinos vindos de uma montanha próxima da Cisjordânia.

Os moradores da pequena cidade erguida em meados dos anos 90 buscavam qualidade de vida na planície costeira israelense, situada a apenas uma hora de carro de Tel Aviv. Eles não esperavam ser pegos numa frente de batalha quando a rebelião palestina começou, em setembro passado.

"Começamos a construir o muro em 1995 mas interrompemos porque o governo pensava que haveria paz", disse Nahum Itzkovitz, diretor do conselho regional de Emek Hefer, ao qual Bat Hefer pertence.

O muro foi reforçado nos últimos meses com uma cerca elétrica que dá choques de baixa intensidade e dispara um alerta aos guardas. O local guarda semelhanças com a fronteira entre Israel e Líbano, com uma pequena estrada para jipes de patrulha e faróis que ficam acesos durante a noite.

Do outro lado, a cerca de 2 quilômetros de distância, está a cidade de Tulkarm, controlada pela Autoridade Palestina. A reformada barreira de Bat Hefer vem se tornando um modelo para outras cidades do país situadas nas proximidades de áreas palestinas.

Autoridades militares e políticas dizem que essas cercas, que devem ser construídas em dezenas de cidades ao longo dos 370 quilômetros de fronteira com a Cisjordânia, são uma proteção imediata contra militantes ou terroristas palestinos.

Mas a proliferação de cercas como essas geram suspeitas de que elas se tornariam a base para a criação de uma fronteira consolidada entre Israel e um futuro Estado palestino.

Uma fonte ligada ao aparato de segurança israelense disse que, embora uma fronteira final seja uma decisão política -e as cercas podem ser realocadas para acomodar novos acordos- os muros poderiam ser usados em caso de uma retirada unilateral israelense.

O ex-premiê israelense Ehud Barak defende uma retirada unilateral da maior parte da Cisjordânia, incluindo alguns assentamentos judeus. Ele argumenta que o fracasso das negociações de paz e o levante palestino são uma razão para a separação das duas populações.

O atual premiê, Ariel Sharon, que derrotou Barak nas eleições de fevereiro, rejeita a idéia de separação. Mas o argumento ganhou força entre os israelenses que se identificam com o centro do espectro político devido à violência dos últimos dez meses, que já deixou mais de 500 palestinos e 130 israelenses mortos.

As propostas de separação enfrentam dura oposição dos colonos judeus da Cisjordânia e dos partidos políticos de direita que os representam. Eles temem ser abandonados do lado palestino da fronteira, o que provavelmente os obrigaria a deixar suas casas nos territórios ocupados por Israel na guerra de 1967.

Na quinta-feira, um terrorista suicida palestino explodiu uma bomba presa ao seu corpo em uma pizzaria lotada, em Jerusalém. No atentado, o turista brasileiro Guiora Balas, de 60 anos, morreu juntamente com outros 15. O ataque deixou cerca de 90 pessoas feridas.
 

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