Reuters
13/08/2001 - 12h19

Combates continuam na Macedônia no dia da assinatura de acordo

da Reuters, em Skopje (Macedônia)

O cessar-fogo na Macedônia foi novamente violado hoje, horas antes de os políticos do país assinarem um acordo destinado a acabar com quase seis meses de rebelião da minoria albanesa.

O comissário (ministro) europeu de Assuntos Externos, Javier Solana, e o secretário-geral da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte, aliança militar ocidental liderada pelos Estados Unidos), George Robertson, mediaram o acordo e participariam da cerimônia de inauguração, prevista para as 10h (hora de Brasília), na residência do presidente macedônio, Boris Trajkovski.

O acordo foi negociado por políticos albaneses e eslavos e faz concessões à minoria em troca do desarmamento dos guerrilheiros -a ser feito conduzido por 3.500 soldados da Otan.

Mas o temor de uma nova guerra civil nos Bálcãs cresceu, em consequencia de violações contra um novo cessar-fogo, mediado pela Otan e aceito no domingo. A semana passada foi a mais violenta desde o começo do conflito, em fevereiro.

O Exército acusou os guerrilheiros de atacar a nordeste da capital, Skopje. Moradores também ouviram explosões a oeste. Aparentemente, não houve vítimas nos choques.

As ruas de Tetovo, a segunda maior cidade macedônia, estavam desertas. A agência oficial "MIA" acusou os rebeldes de expulsar moradores de suas casas na noite de domingo.

Detalhes do acordo não foram divulgados, mas se sabe que ele vai promover a cultura e a participação dos albaneses nas instituições da Macedônia. Os albaneses formam um terço da população.

Uma autoridade macedônia disse que a assinatura do acordo seria uma cerimônia discreta, para não criar expectativas. Após dias de funerais, os macedônios estão pensando mais em vingança do que em paz, razão pela qual um festivo anúncio do fim da guerra poderia irritar o país.

Cerca de 30 pessoas foram mortas na semana passada -ao longo de todo o conflito, cem já morreram.

O cessar-fogo ontem foi negociado enquanto as forças de segurança usavam jatos e helicópteros para combater as guerrilhas no noroeste. Uma aldeia nos arredores da capital foi completamente incendiada.

Radicais dos dois lados apostam na vitória pela luta armada. Alguns macedônios acham que o acordo, com concessões aos albaneses, significa capitular à violência deles. Os rebeldes dizem estar lutando por maiores direitos para seu povo, mas muitos eslavos temem que se trate, na verdade, de uma campanha separatista.

A assinatura do acordo põe em marcha uma contagem regressiva. O Parlamento tem 45 dias para aprová-lo, mas seu presidente já disse que não vai começar a discuti-lo enquanto os rebeldes não forem desarmados.

Já os guerrilheiros dizem que não vão entregar seus fuzis até que as reformas comecem. Eles temem ceder às promessas e em seguidas serem aniquilados pelos militares.

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