Reuters
15/08/2001 - 17h29

Coreana fala sobre seu casamento com arcebispo

da Reuters, em Roma

Depois de dois meses de casamento com o arcebispo Emmanuel Milingo, tudo o que restou para a mulher Maria Sung foram alguns objetos pessoais. Milingo já não é visto em público há uma semana, e Sung acredita que o religioso foi sequestrado pelo Vaticano.

28.mai.2001 - Reuters

O arcebispo Emmanuel Milingo e Maria Sung
"Estas são as coisas mais preciosas dele", diz Sung, apontando para uma Bíblia e um crucifixo. "Ele deixou tudo isso comigo. Por isso eu acho que ele pensava que logo estaria de volta", afirmou.

O arcebispo, que nasceu no Zimbábue e tem 71 anos, já havia causado constrangimento no Vaticano por atuar como exorcista e como curandeiro. Mas o seu afatamento da Igreja Católica ocorreu em maio, quando ele se casou em Nova York sob as bênçãos do reverendo Sun Myung Moon, líder da Igreja da Unificação.

"Eu estava muito, muito feliz", disse Maria Sung, de 43 anos. "Depois que nos casamos, nunca mais nos separamos."

Milingo foi para Roma na semana passada para encontrar o papa João Paulo 2°. Aparentemente, ele queria salvar sua imagem no Vaticano e evitar que se cumprisse a ameaça de excomunhão contra ele. Para isso, precisaria deixar a Igreja da Unificação, de Moon, e abrir mão do casamento.

Milingo falou com jornalistas na quarta-feira, mas depois sumiu, alimentando o conflito entre as igrejas Católica e a da Unificação.

A Igreja da Unificação acusou o Vaticano de ter sequestrado Milingo e questionou a autenticidade de uma carta divulgada ontem pela Igreja Católica, na qual o prelado africano renuncia à mulher e à seita Moon.

Sung, que diz que pode estar grávida, entrou em greve de fome e pretende manter o protesto até a volta do marido ou até morrer. "Se ele estivesse aqui, ele me lembraria das tantas vezes que dissemos que somos o mesmo tipo de gente", afirma ela. "Eu costumava dizer a ele: 'Sou sua cauda, que nunca pode ser separada do corpo."

"Celebrávamos a missa todos os dias sem exceção", afirma, apontando o cálice e os recipientes de vinho e água. "Esta é a Bíblia que ele costumava ler todas as noites antes de dormir. Então ele me beijava e a colocava sob o travesseiro."

"Fico triste. Às vezes choro quando vejo que as coisas que ele tanto ama estão aqui, mas ele próprio não está", afirma. "Porém, estas coisas também são um alento, porque talvez elas o tragam de volta."
 

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