Editor de jornal que lutou contra o apartheid morre aos 67
da Reuters, em LondresDonald Woods, o ativista que travou uma cruzada como o editor de um jornal antiapartheid sul-africano, imortalizado no filme "Um Grito de Liberdade", morreu ontem em Londres, informou sua família.
Woods, que tinha 67 anos, sofria de câncer há dois anos e morreu em um hospital londrino, acompanhado por sua mulher Wendy e seus cinco filhos, disse a filha Jane.
"Foi um choque, porque sua condição tinha piorado apenas nas duas últimas semanas", disse ela.
O ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, primeiro líder antiapartheid do país, telefonou para Woods no hospital para desejá-lo melhoras há alguns dias.
O presidente da África do Sul, Thabo Mbeki, elogiou Woods por sua coragem na luta contra o apartheid e expressou "remorsos sinceros" por sua morte.
"É um choque e um golpe doloroso para o país perder uma pessoa da estatura de Donald Woods", disse Smuts Ngonyama, porta-voz do Congresso Nacional Africano, partido de situação na África do Sul.
Woods, editor do jornal "East London Daily Dispatch" de 1965 a 1977, apareceu nas manchetes a atraiu a atenção do mundo para o caso do assassinato do prisioneiro político e líder do movimento Consciência Negra Steve Biko.
Nascido de uma família branca há cinco gerações na África do Sul, Woods tomou consciência do que veio a chamar de "grande mentira obscena" do apartheid enquanto estudava na Universidade da Cidade do Cabo, nos anos 1950.
Começou então atuar politicamente, empregando jornalistas negros no "East London Dispatch" e escrevendo notícias favoráveis ao movimento negro, além de dialogar com líderes negros e brancos. Sua militância rendeu-lhe a cassação de direitos e posteriormente o exílio.