Reuters
13/04/2001 - 17h53

Bombas da 1ª Guerra Mundial esvaziam cidade francesa

da Reuters, em Vimy (França)

Mais de 12 mil pessoas tiveram que deixar suas casas hoje na cidade de Vimy, no norte da França, depois que especialistas disseram que um depósito de bombas e armas químicas da 1ª Guerra Mundial (1914-18) poderia explodir.

A polícia e mais de 700 bombeiros se encarregaram de verificar se as casas tinham sido esvaziadas em uma zona de exclusão criada num raio de três quilômetros do depósito de munição ao ar livre, no local onde tropas canadenses atacaram trincheiras alemãs na Páscoa de 1917.

``Há sério risco para as pessoas perto de Vimy, especialmente por causa da liberação de produtos tóxicos ainda ativos'', disse um comunicado do Ministério do Interior.

Autoridades locais planejavam retirar entre 10 mil e 15 mil pessoas dos seus lares em 24 horas. Elas pediram aos residentes que não voltem durante dez dias, enquanto as munições serão descarregadas e levadas para outro lugar.

Cerca de 173 toneladas de bombas, mísseis e minas estão guardadas no depósito. O Ministério do Interior disse que uma análise recente mostrou que o material estava se deteriorando e provocava riscos.

Acredita-se que o depósito contenha bombas com gás mostarda, a mais letal de todas as armas químicas usada durante o conflito. Esse gás provoca hemorragia intestinal, cegueira e a lenta destruição dos pulmões das vítimas.

A operação de emergência irritou a maioria dos moradores, que disseram que estavam sendo expulsos às pressas porque as autoridades não se preocuparam com o perigo antes.

``Vieram me dizer às 2h45 que eu deveria ter saído da minha casa às 2h'', disse um morador. ``O governo acaba de perceber que Vimy não fica na lua e que esse depósito é perigoso''.

Moradores que não tiverem para onde ir serão levados para escolas e colônias de férias da região. Um jogo da primeira divisão do Campeonato Francês entre Lens e Troyes, que seria realizado perto dali, teve de ser adiado por causa do problema. ''As autoridades acharam que seria muito arriscado reunir 40 mil pessoas no estádio'', disse um dirigente do Lens.

Forças de segurança passaram a proteger a área enquanto especialistas com roupas protetoras começaram a examinar as armas químicas. Os hospitais da região foram colocados em alerta.

O Ministério do Interior disse que parte das armas químicas seria levada para outro depósito na tarde de sábado, após serem refrigeradas e deixarem de ser perigosas. ``É uma operação séria'', disse o ministro Daniel Vaillant, que visitou a zona. ''Não podemos excluir a hipótese de novas retiradas de pessoas se o nível de risco assim exigir.''

Bombas intactas do conflito do século passado ainda são regularmente encontradas na região e trazidas para Vimy para serem guardadas em segurança. O depósito manteve 670 toneladas de munição, quando o governo decidiu que o local deveria ser fechado. Dois especialistas em bombas morreram ali em 1998, quando uma bomba explodiu.

Vimy testemunhou intensos combates durante a guerra, custando a vida de cerca de 200 mil canadenses, britânicos, franceses e alemães. Mais de 1 milhão de bombas foram disparadas por tropas alemãs.

O assalto canadense a Vimy serviu de base para o planejamento da ofensiva aliada de 1918, que encerrou a guerra. No passado, o Canadá repatriou os restos de um de seus militares mortos em Vimy para torná-lo oficialmente o Soldado Desconhecido do país.
 

FolhaShop

Digite produto
ou marca