Reuters
24/08/2001 - 08h50

BCP prefere ficar com faixa adicional na frequência de 1,9 GHz

da Reuters, em São Paulo

A BCP, operadora de celular na região metropolitana de São Paulo e no Nordeste, pode ser uma voz que destoa das demais empresas do setor no momento em que a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) tenta fazer uma redistribuição das frequências destinadas ao serviço de telefonia móvel.

A Anatel pretende atender ao pedido da maioria das operadoras de telefonia celular tornando disponível uma faixa adicional na frequência de 1,8 GHz, que sobrou do leilão fracassado da banda C do celular.

A BCP diz que prefere o negócio como havia sido proposto originalmente, isto é, na faixa de 1,9 GHz, que a Anatel agora quer liberar para a Terceira Geração (3G) do celular.

"A BCP não vê motivos até agora para trocar para 1,8 GHz", afirmou o presidente da BCP, Dante Iacovone, por intermédio de sua assessoria.

Na próxima semana, a Acel (Associação Nacional de Prestadores de Serviço Móvel e Celular) tem um encontro com o presidente da Anatel e esse deve ser um dos temas de debate. Para o diretor da Acel, Antonio Ribeiro dos Santos, existe clima para negociação.

"Se houver uma manifestação da Anatel da mudança para 1,8 GHz e estiver condicionada à unanimidade das empresas, a Acel considera que existe ambiente para essa discussão e que há possibilidades de se chegar a um consenso sobre o assunto, mas cada empresa está livre para adotar a estratégia mais conveniente", afirmou Santos.

A discussão sobre a faixa adicional e a opção entre 1,8 GHz e 1,9 GHz é mais do que apenas conversa de engenheiros de telecomunicações preocupados com o bom uso do espectro radioelétrico, um bem exíguo e disputado.

A definição por uma das duas frequências vai traçar o futuro das operadoras das bandas A e B da telefonia celular —como essas empresas vão avançar rumo às novas tecnologias móveis que vão fazer do celular um dispositivo multimídia.

A BCP é a única das operações que a norte-americana Bell South tem na América Latina baseada no padrão de tecnologia digital TDMA (Time Division for Multiple Access). As demais funcionam na tecnologia CDMA (Code Division for Multiple Access).

Com a faixa adicional em 1,9 GHz, a BCP poderia se integrar mais facilmente à plataforma da Bell South na América Latina. Por outro lado, no Brasil, apenas as operadoras do grupo Telefônica/Portugal Telecom utilizam o CDMA.

O TDMA é uma tecnologia sem evolução natural, que a indústria abandonou para apostar em novas versões do CDMA e do GSM (Global System for Mobile Communications). Não existem equipamentos de CDMA para a faixa de 1,8 GHz, que a Anatel agora se dispõem a repassar para as operadoras das bandas A e B.

A BCP realizou recentemente testes com o GSM da Ericsson, para a chamada 2,5G. Segundo profissionais do mercado de telecomunicações, a operadora deve iniciar em breve testes de CDMA com a Motorola.
 

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