Reuters
30/08/2001 - 10h31

Líderes mundiais se reúnem em cúpula contra o racismo

da Reuters, em Durban (África do Sul)

Vários líderes mundiais, entre eles o cubano Fidel Castro e o líder palestino Iasser Arafat, são esperados hoje em Durban para participar da conferência da ONU sobre racismo, cercada de polêmica por causa da situação no Oriente Médio. O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, abrirá a reunião amanhã.

Por sua condição de negro, o secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, havia manifestado intenção de ir à reunião. Ele cancelou a participação em protesto contra a tentativa dos países árabes de qualificar o sionismo israelense como uma forma de racismo.

Ontem Washington anunciou que enviará um funcionário de segundo escalão a Durban, para tentar evitar a menção a Israel no documento final. Não se sabe se ele ocupará seu lugar no plenário.

Líderes do movimento negro norte-americano criticaram a pequena participação de seu país. "A decisão dos EUA contém atitudes de arrogância e desprezo pelas responsabilidades. É vergonhoso", disse o reverendo Joseph Lowery, do Fórum das Lideranças Negras, que enviou uma delegação extra-oficial a Durban.

As reuniões preparatórias já deram uma idéia do que deve ocorrer no plenário, até 7 de setembro. Os árabes querem que Israel seja apontado como um Estado racista, devido à sua política contra os palestinos.

O esboço de declaração da ONU não faz a relação entre sionismo e racismo, mas diz que "a ocupação estrangeira baseada nos assentamentos é um novo tipo de apartheid, um crime contra a humanidade". Os israelenses mantêm assentamentos nos territórios palestinos ocupados.

O documento também expressa "profunda preocupação sobre a discriminação racial contra os palestinos e outros habitantes árabes dos territórios ocupados". Grupos judeus e palestinos presentes à reunião acusaram-se mutuamente de usá-la para difundir propaganda política.

"Sinto-me cercada. Há anti-semitismo e textos que incitam ao ódio na Conferência Mundial sobre Racismo", disse Anne Bayefsky, professora de direito na universidade Columbia. Ela disse que alguns delegados judeus estão pensando em abandonar a reunião.

Na reunião preparatória com ONGs, foram distribuídos panfletos caricaturando os judeus e comparando a estrela de Davi à suástica nazista. Vários simpatizantes dos palestinos usavam camisetas equiparando Israel às políticas do apartheid (antigo regime branco da África do Sul).

Mas um importante delegado palestino acusou os delegados judeus de distribuírem literatura pró-Israel na conferência. O diretor da reunião, Moshe More, disse que não houve incidentes violentos.

A disputa entre árabes e israelenses ofuscou o que deveria ser o ponto mais polêmico da reunião, a proposta africana de receber compensações pelos séculos de escravidão a que os negros foram submetidos. Os norte-americanos também se opõem a essa proposta.

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