Reuters
30/08/2001 - 13h55

Argentina impulsiona produção de alimentos transgênicos

da Reuters, em Buenos Aires

A Argentina deve continuar incentivando o desenvolvimento de alimentos transgênicos para reduzir custos e melhorar o valor nutritivo dos produtos, uma vez que ainda não foram comprovados os risco à saúde que podem causar, disse o secretário de Agricultura do país, Marcelo Regúnga.

O secretário ressaltou ontem a necessidade de separar os debates ideológicos dos científicos sobre os alimentos modificados geneticamente.

"Não há dúvida de que até o dia de hoje os organismos transgênicos não têm nenhum impacto negativo sobre a saúde humana", disse o funcionário, na abertura de um seminário de biotecnologia em uma universidade local.

A Argentina é a maior produtora mundial de grãos e só fica atrás dos Estados Unidos na fabricação de transgênicos.

Contudo, organizações de defesa do consumidor e grupos ambientalistas acreditam que esses alimentos são uma ameaça para a saúde humana.

"Falta evidência científica no debate impulsionado pelas organizações não-governamentais", afirmou Regúnga. O secretário de Agricultura enfatizou que a ciência tem demonstrado que em termos de recursos naturais, o emprego dos transgênicos possui "um impacto claro e positivo para o meio ambiente", porque ajuda a limitar o uso de agrotóxicos.

Emiliano Ezcurra, coordenador da campanha de biodiversidade do Greenpeace em Buenos Aires, afirmou que os argumentos de Regúnga são contraditórios. "O conhecimento científico não leva em conta os efeitos a longo prazo", disse Ezcurra.

"A preocupante evidência de que o aumento de pesticidas tem elevado a resistência dos insetos está bem documentada, assim como os efeitos negativos que isso acarreta ao meio ambiente."

"Estamos expandido o uso de Roundup Ready por toda a Argentina, em cerca de 10 milhões de hectares. A Monsanto abriu no ano passado uma nova fábrica de glifosato, por isso não houve registro de queda no uso de herbicidas", destacou ele.

As sementes de soja Roundup Ready, da companhia de biotecnologia Monsanto, são resistentes ao uso do glifosato e lideram as vendas no país.

Apesar das críticas, a Argentina está fortemente engajada no desenvolvimento de culturas transgênicas. Em cerca de 90% da área com plantação de soja contém sementes transgênicas, ao mesmo tempo espera-se que o cultivo de milho transgênico superem 20% em 2001-2, segundo uma associação agrícola do país.
 

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