Ortografia inglesa é traiçoeira, indica estudo

da Reuters, em Glasgow (Escócia)

O que alunos de inglês sempre desconfiaram agora é oficial -- a ortografia inglesa é muito traiçoeira. De tal modo que as crianças britânicas levam o dobro do tempo para se acostumar às pegadinhas e exceções mais básicas de seu idioma que outros estudantes do resto da Europa, segundo uma pesquisa divulgada hoje.

"Há tantas palavras irregulares em inglês que as crianças precisam de mais tempo para decodificá-las", afirmou o professor Philip Seymour, linguista da Universidade Dundee, na Escócia, que inclui o português entre as línguas mais difíceis de serem escritas.

O termo técnico que Seymour usa para isso é "profundidade ortográfica". Trocando em miúdos, significa que as letras não equivalem aos sons.

Muito mais raso ortograficamente, segundo esses critérios, é o finlandês, segundo a pesquisa apresentada por Seymour em uma feira de ciências promovida em Glasgow. Nesse idioma, as palavras soam realmente como são escritas. Segundo a pesquisa, o grego, o italiano e o castelhano também são bastante fáceis, seguidos do alemão e o holandês.

A partir daí, começam as complicações. "Depois de cruzar uma determinada barreira, o nível de complexidade aumenta e encontramos o português, o francês, o dinamarquês e depois o inglês", disse Seymour.

Em sua pesquisa, ele estudou mais de 600 alunos de primeiro ano em 13 áreas linguísticas da Europa. Pediu a eles que escrevessem algumas palavras adequadas à sua idade. Em todo o continente, a maioria das crianças acertou 90%. Mas as que falam inglês patinaram nos 30% e levaram 18 meses para atingir o desempenho médio.

As crianças dinamarquesas são as outras grandes vítimas da ortografia. Elas levam dois anos para atingir o mesmo nível de escrita que seus coleguinhas europeus.

Puristas do idioma passarão horas debruçados sobre o estudo, mas Seymour se opõe desde já a reescrever os dicionários. "Uma reforma ortográfica poderia ser útil para as crianças, mas ao mesmo tempo existe uma grande quantidade de significados escondidos nas palavras que seriam perdidos", afirmou.