Reuters
05/09/2001 - 11h09

Índia aumenta exportação de coquetel anti-Aids a US$ 1 ao dia

da Reuters, em Bombaim

A empresa indiana Cipla Ltd, que assusta os fabricantes mundiais de medicamentos com uma oferta de drogas anti-Aids por menos de US$ 1 por dia, anunciou ontem que está exportando medicamentos para 12 países e discute a ampliação de vendas com compradores potenciais.

O diretor da Cipla, Amar Lulla, disse que a companhia tem exportado as drogas para a Nigéria, Argélia, Camarões, Costa do Marfim, Camboja e negocia com outros países africanos e do sudeste asiático.

"O gratificante é que os remédios anti-Aids estão finalmente alcançando aqueles que precisam deles desesperadamente", disse Yusuf Hanied, presidente da empresa, na presença de investidores no encontro anual da Cipla. "O mundo está despertando para a grandiosidade dessa tarefa."

As vendas dos medicamentos anti-Aids pela empresa indiana poderá chegar a mais de US$ 20 milhões por ano, caso a África do Sul aprove as drogas no fim deste ano. Hanied não forneceu dados das vendas atuais.

Em fevereiro, a terceira maior fabricante de drogas da Índia ofereceu um coquetel contra a doença que assola o continente africano por US$ 350 dólares por paciente, 3,3% do preço norte-americano. A oferta foi feita à instituição de caridade da França "Médicos Sem Fronteiras" e forçou grupos como a Merck & Co e a Brystol-Myer Squibb a diminuir seus preços.

"Mesmo hoje poderíamos reduzir os preços para menos de US$ 350, mas não é justo", destacou o presidente da Cipla.

O coquetel contém as drogas lamivudina, nevirapina e estavudina. A patente da lamivudina pertence à britânica Glaxo SmithKline, a da nevirapina à alemã Boehringer Ingelheim e a da estavudina à norte-americana Bristol-Myers Squibb.

A lei de patentes da Índia permite que os fabricantes locais desenvolvam drogas sob poder de empresas internacionais. Qualquer companhia pode fabricar remédios já patenteados, contanto que use um processo de produção diferente.

A Cipla, assim como muitas outros grupos indianos, faz cópias genéricas dos medicamentos do Ocidente. De acordo com Haimed, o programa de pesquisa da Cipla -- que por enquanto é modesto -- cedeu uma patente para uma série de moléculas anti-histaminas, usadas para o tratamento de alergias.

O presidente da empresa informou que o movimento de vendas de todos os produtos aumentou 21% entre abril e agosto, enquanto as exportações subiram 75%.

Um porta-voz da Cipla afirmou que as vendas nesse período foram de US$ 109,2 milhões contra os US$ 90,30 milhões de um ano antes.

O grupo indiano ainda pretende começar a desenvolver produtos biotecnológicos, como vacinas para a hepatite B e insulina, e mantém conversas com empresas internacionais para realizar uma parceria nessa área.
 

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