Reuters
15/09/2001 - 19h59

Análise: Pai e filho enfrentam desafios militares semelhantes

da Reuters, em Washington

Quando o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, conduziu a nação na prece pelas vítimas do pior ataque terrorista em solo americano, a primeira mão que tocou o seu ombro em silenciosa solidariedade foi aquela do homem que enfrentou uma crise semelhante, seu pai.

George Herbert Bush, o 41º presidente americano, e George W. Bush, o de número 43, são uma raridade na história dos Estados Unidos -repetida apenas uma vez por John e John Quincy Adams, pai e filho que concorreram à Casa Branca.

Reuters - 30.jan.2001
George W. Bush, presidente dos Estados Unidos
Assim como seu pai, Bush está no que parece ser uma ampla operação militar de resultados indefinidos -com efeito, a maior ação deste tipo desde a Operação Tempestade no Deserto, há 11 anos.

Enquanto o Bush mais velho sabia qual era o alvo, até certo ponto o atual presidente enfrenta um inimigo invisível -células terroristas que operam escondidas em esconderijos ao redor do mundo.

"Este ato não ficará por isto mesmo", disse Bush hoje, usando a mesma famosa frase que seu pai empregou em 5 de agosto de 1990, quando se referiu à invasão do Kuwait, pelo Iraque: "Isto não vai ficar assim".

Ambos presidentes sofreram algum tipo de recriminação em relação aos métodos usados para lidar com suas respectivas crises. O atual despertou críticas por não ter voltado logo para Washington quando as torres gêmeas desmoronaram, ao invés de ter ido para as bases aéreas de Louisiana e Nebraska, por razões de segurança.

Por sua vez, Bush, o pai, também foi criticado por ter tido uma reação relativamente fraca em relação à invasão do Iraque no Kuait, afirmando, no início, que não havia pensado em nenhum tipo de resposta, para mais tarde usar uma retórica bem mais dura.

Talvez, a partir da lição aprendida com seu pai, o atual presidente tenha usado uma linguagem dura ao longo de toda a crise, elevando ainda mais o tom no sábado: "Encontraremos aqueles que fizeram os ataques, os tiraremos de seus esconderijos, e os levaremos à Justiça".

Bush, o pai, tinha bons dotes diplomáticos, colocando lado a lado um grupo diversificado de nações numa coalizão unida, usando dinheiro e material para terminar com a invasão do Kuait.

Seu filho, no entanto, enfatizou os assuntos domésticos como governador do Texas e agora como presidente. A crise o está forçando a se engajar de forma mais ampla em escala internacional, num nível jamais visto desde que ele tomou posse, há oito meses.

O atual presidente também está formando uma coalizão, e assim como seu pai fez do presidente iraquiano seu alvo, Bush apontou o saudita Osama bin Laden como o principal suspeito dos ataques em Nova York e Washington. O rosto de Bin Laden, indiciado pelos ataques contra as embaixadas americanas em Nairobi e na Tanzânia em 1998, é novamente uma imagem freq ente da TV americana.

Bush, o pai, se beneficiou politicamente por ter livrado o Kuait da invasão iraquiana. Em determinado ponto, seu índice de aprovação chegou a 90%. Bush, o filho, também está conseguindo altos índices de aprovação por causa de sua reação aos ataques, mesmo com as dificuldades enfrentadas pela economia americana no momento.

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