Reuters
17/09/2001 - 13h22

Feministas prevêem avanço no Afeganistão se retaliação ocorrer

da Reuters, em Islamabad (Paquistão)

O grupo feminino que luta contra o regime islâmico do Taleban (grupo islâmico que controla 90% do território do Afeganistão desde 1998 e impôs um regime marcado pelo extremismo e pelo conservadorismo), no Afeganistão, disse que a possibilidade de ataques norte-americanos contra o país pode ser uma boa oportunidade para recomeçar "tudo do zero", após décadas de guerra civil.

A Arma (Associação Revolucionária de Mulheres do Afeganistão) pediu que os ataques mirem apenas os líderes do Taleban, não os civis.
"Se isso acontecer, seria uma oportunidade para uma mudança verdadeira no Afeganistão. Uma mudança para melhor", disse Sahar Saba, uma das diretoras da Arma, que afirma que o Taleban e Osama bin Laden não têm apoio popular no país.

A Arma diz ter centenas de milhares de simpatizantes nos campos de refugiados afegãos do Irã e do Paquistão e dentro do próprio Afeganistão. Essa organização não tem a permissão do Taleban para atuar no país, que impôs ao Afeganistão uma rígida interpretação do regime islâmico, com fortes restrições aos direitos das mulheres.

Elas são proibidas de estudar e trabalhar, não podem sair à rua sem a burca (traje que cobre todo o corpo e o rosto) e não podem ficar sozinhas com um homem que não seja seu parente.

Médicos só podem atender pacientes mulheres caso ambos cubram o rosto. Médicas e enfermeiras são proibidas de atender homens.

Essas regras causam um problema para as organizações internacionais que tentam reconstruir o país. As mulheres são necessárias nessa tarefa, já que muitos homens foram vítimas da guerra. Como o Taleban não admite isso, várias organizações fecharam suas portas no país.

A Arma diz que as restrições trouxeram muitas adeptas para o grupo. "As mulheres agora só podem encontrar outras mulheres, e elas contam muitas coisas que nunca diriam a um homem porque seria contra o Islã. Isso ajudou nossa organização", disse Saba.

Para ela, essa guerra não será compreendida por muitos afegãos, que nem sabem da existência de Bin Laden, que vive no país e é suspeito de tramar os atentados da semana passada contra os EUA. "Sobreviver no Afeganistão já é um desafio muito grande para que as pessoas se preocupem com questões internacionais", afirmou ela.

Saba admite que a derrubada do Taleban não devolveria a tranquilidade ao país, mas vê perspectivas em longo prazo. "Precisamos construir instituições cívicas que possam desenvolver líderes mais responsáveis."

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