Reuters
18/04/2001 - 15h34

Roteiristas retomam negociações com estúdios hollywoodianos

da Reuters, em Los Angeles

O Sindicato de Roteiristas dos EUA retomou na terça-feira as negociações contratuais com produtoras de cinema e TV, visando evitar uma possível greve no mês que vem.

Enquanto isso, os trabalhadores "de colarinho azul" de Hollywood se revoltam diante da possibilidade de terem que apoiar um sindicato que reúne algumas das pessoas mais bem-pagas no show business.

A perspectiva de uma greve de roteiristas provocar uma parada nas produções, levando à inatividade forçada de trabalhadores em várias áreas, desde marceneiros de sets até cinegrafistas, passando por motoristas de caminhão e fornecedores de refeições, expôs tensões profundamente enraizadas entre os sindicatos que representam esses trabalhadores "braçais" e os 11,5 mil filiados ao Sindicato dos Roteiristas.

Entre os trabalhadores de "colarinho azul" da indústria do cinema ainda resta um sentimento de amargura sobre a falta de solidariedade recebida no passado dos sindicatos de roteiristas e de atores.

A subsede principal em Hollywood, Local 399, do Sindicato dos Caminhoneiros, que representa cerca de 4.000 caminhoneiros, expedidores, gerentes de externas, tratadores de animais e funcionários de escritório, pode perder 3.000 trabalhos por dia se a produção de filmes para o cinema e a TV for interrompida neste verão por greves de roteiristas e atores.

Segundo Leo Reed, diretor da Local 399, os filiados ao sindicato perderam cem trabalhos por dia no ano passado, quando apoiaram a greve de seis meses promovida pelos atores contra a indústria publicitária.

Se os roteiristas e 135 mil atores sindicalizados entrarem em greve quando seus contratos coletivos chegarem ao fim, respectivamente em 1o de maio e 30 de junho, também correrão risco os empregos de outros 35 mil trabalhadores de Los Angeles filiados à Aliança Internacional de Funcionários de Palcos Teatrais (Iatse).

Mas, segundo Reed, como uma greve conjunta de roteiristas e atores provocaria uma parada praticamente total na produção de cinema e TV, a questão de furar ou não os piquetes dos roteiristas será em grande medida teórica, "já que não haverá trabalho de qualquer maneira".

Faltando duas semanas para o fim de seu contrato atual, o Sindicato dos Roteiristas voltou à mesa de negociações com os estúdios de cinema e TV, a portas fechadas, na esperança de chegar a um acordo que impeça a parada do trabalho.

Uma rodada prévia de negociações fracassou em 1º de março, depois de seis semanas. Os dois lados divergem em aproximadamente US$ 100 milhões em uma disputa em torno dos pagamentos residuais ganhos por roteiristas quando filmes e programas de TV chegam a mercados secundários, tais como o de vídeo, reestréias e distribuição no exterior.

O sindicato diz que os pagamentos residuais são vitais para os roteiristas se manterem durante as fases de desemprego. Cerca de metade dos roteiristas passa o ano desempregada, e 25% dos que trabalham ganham menos de US$ 30 mil anuais.

Os outros filiados do sindicato recebem valores acima da escala, sob contratos negociados independentemente com as produtoras. O roteirista que integra a equipe de um programa de TV, por exemplo, recebe por volta de US$ 10 mil por semana.
 

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