Reuters
01/10/2001 - 11h37

Cientistas pesquisam efeitos do aquecimento global na Antártida

da Reuters, na Nova Zelândia

Um grupo de cientistas vai estudar os efeitos do aumento de temperatura global nos imensos lençóis de gelo da Antártida. O programa, com duração de sete anos, parte em busca de pistas de quanto gelo pode derreter com o aquecimento.

O Consórcio de Perfuração da Antártida (Andrill) tem início no verão no Pólo Sul, com a saída do primeiro vôo para uma base norte-americana no continente gelado.

Os cientistas querem conhecer os efeitos do último aquecimento global, ocorrido há 20 milhões de anos, segundo Tim Naish, cientista do programa. A perfuração deve permitir saber como era o continente há 40 milhões de anos, quando o mundo era 3 ou 4 graus mais quente.

Calcula-se que, com o degelo da Antártida, os níveis do oceano podem aumentar em 65 metros. O Painel Intergovernamental das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas prevê que a média global da temperatura na superfície do planeta aumente de 1,4 a 5,8 graus Celsius antes do próximo século, devido aos níveis crescentes, na atmosfera, de dióxido de carbono e outros gases causadores do efeito estufa.

"Nós sabemos que eles (os lençóis de gelo) eram instáveis a ponto de provocarem mudanças de mais de 50 metros no oceano", contou. "O derretimento completo na Antártida pode levar de algumas centenas de anos a alguns milhares... Mas sabemos que é isto que vai acontecer se mantivermos estes níveis crescentes de dióxido de carbono e de temperatura."

A Antártida é o quinto maior continente do mundo, com uma área de 13,9 milhões de quilômetros quadrados - duas vezes o tamanho da Austrália. Ela é quase totalmente coberta por camadas de 2 a 4 quilômetros de espessura de gelo, e é cercada por um mar congelado de 3 a 17 quilômetros quadrados, dependendo da estação.

Na próxima semana, Naish vai encabeçar uma análise sísmica inicial de potenciais locais para abrigar o projeto, o qual é formado por grupos de Estados Unidos, Reino Unido, Itália, Alemanha e Nova Zelândia.

O programa originou-se em uma perfuração de mil metros no Cabo Roberts na área do Mar Rosse - o que levou os cientistas a 34 milhões de anos atrás, quando a Antártida tinha árvores. Pensava-se que o lençol de gelo atual fosse o maior de todos os tempos, já que o mundo esteve resfriando pelos últimos 60 milhões de anos.

A agência polar oficial da Nova Zelândia disse que seu programa científico de 2001/2002 traz 70 projetos, incluindo um estudo do avanço do buraco de ozônio sobre a região da Antártida e outro sobre como a flutuação sazonal na maior parte do mar de gelo afeta o clima do hemisfério sul.

Os projetos norte-americanos incluem o mapeamento dos lençóis de gelo e o movimento da crosta terrestre debaixo da superfície congelada.
 

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